Os torcedores do Palmeiras envolvidos na emboscada contra cruzeirenses na rodovia Fernão Dias vão responder por homicídio, incêndio, associação criminosa, lesão corporal e promoção de tumulto em eventos esportivos.
O caso está sendo investigado pela Delegacia de Repressão aos Delitos de Intolerância Esportiva (DRADE), que analisa imagens para tentar identificar as pessoas envolvidas no crime.
O episódio de violência aconteceu em Mairiporã, na Região Metropolitana de São Paulo. Segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF), dois ônibus do time mineiro foram interceptados pela Mancha Verde, organizada do clube paulista. Cerca de 120 pessoas participaram da confusão.
Com a aproximação das equipes da PRF e da Polícia Militar de São Paulo, os agressores envolvidos fugiram pelas vias locais. No local, os policiais encontraram artefatos utilizados para furar pneus (conhecidos popularmente como “miguelitos”), fogos de artifício e bombas caseiras.
Os ocupantes dos dois ônibus, que tinham viajado para acompanhar um jogo do Cruzeiro em Curitiba, foram agredidos e os veículos destruídos - um totalmente incendiado e outro depredado. No total, cerca de 14 pessoas ficaram feridas, todos são torcedores do Cruzeiro.
Uma das vítimas, um homem de 30 anos, não resistiu aos ferimentos e morreu. O corpo dele está no Instituto Médico Legal (IML) de Franco da Rocha e aguarda liberação.
O ônibus incendiado foi removido para fora da pista e a rodovia foi liberada totalmente por volta das 11h. A ocorrência foi apresentada na delegacia de Polícia Civil de Mairiporã, responsável pelas investigações.
Torcidas que agem como “facções” serão investigadas
O Ministério Público de São Paulo (MPSP) informou que vai investigar as torcidas organizadas que agem como "facções criminosas". Para o procurador-geral de Justiça, Paulo Sérgio de Oliveira e Costa, o que houve neste domingo (27) foi uma "selvageria".
"Tal episódio é inaceitável e representa uma grave afronta à segurança pública e à convivência pacífica em nossa sociedade", disse o procurador-geral de Justiça, por meio de nota.
Segundo o MP, além do promotor Fernando Pinho Chiozzotto, de Mairiporã, o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) também vai investigar o caso. "Há firmes evidências de que algumas torcidas organizadas atuam como verdadeiras facções criminosas, o que justifica a intervenção do Gaeco", escreveu Costa.
O que dizem os clubes
Em nota divulgada nas redes sociais, o Cruzeiro lamentou o caso. "O Cruzeiro lamenta profundamente mais um episódio de violência entre torcedores, desta vez durante a madrugada, na rodovia Fernão Dias, que culminou com a morte de um cruzeirense e vários feridos. Não há mais espaço para violência no futebol, um esporte que une paixões e multidões. Precisamos dar um basta a esses atos criminosos".
O Palmeiras repudiou as cenas de violência protagonizadas na rodovia de São Paulo. “O futebol não pode servir como pano de fundo para brigas e mortes. Que os fatos sejam devidamente apurados pelas autoridades competentes, e os criminosos, punidos com rigor”, declarou o alviverde em nota.