Mais dois delegados da Polícia Civil de São Paulo foram citados na delação de Vinícius Gritzbach, delator do PCC que foi executado em novembro no Aeroporto de Guarulhos, na Região Metropolitana da capital. Os agentes são: Fábio Caipira e Murillo Fonseca. O primeiro já foi afastado do cargo.
Além deles, segundo informações reveladas nesta sexta-feira (20), o deputado estadual delegado Olim (PP) também foi citado na delação.
Gritzbach declarou que as autoridades queriam propina de cerca de R$ 5 milhões para ajudá-lo a “limpar o nome” em relação a uma investigação sobre a morte de um dos líderes da facção criminosa. O delegado Olim e o diretor do Deic iriam ajudá-lo a desbloquear os bens e o passaporte.
Agora, uma nova fase da investigação é realizada pela Polícia Civil, para saber se, de fato, houve essa relação dos delegados e do deputado com Vinícius Gritzbach.
O que dizem as partes citadas pelo delator do PCC
Fábio Caipira
Em nota, o diretor do Deic, Fábio Caipira, afirmou que a investigação sobre lavagem de dinheiro contra Gritzbach foi realizada dentro da mais estrita legalidade. “Dessa forma, ou o empresário faltou com a verdade para obter vantagens em seu acordo de delação premiada, ou foi enganado pelo mencionado advogado”, diz o texto.
Segundo o policial, os imóveis que o delator diz ter sido usado para pagar a suposta propina estão em nome do próprio advogado Ramses e da filha dele, e que na investigação feita pelo Deic, Gritzbach não teve nenhuma vantagem.
Deputado Olim
O deputado estadual Olim afirmou, em nota enviada à Band, que recebeu “com veemente indignação”, as notícias do seu nome e de outras autoridades “com fatos nebulosos, imprecisos e improvados, os quais não guardam qualquer relação com a realidade”.
“Não conheço, nunca estive ou recebi pessoalmente, o senhor Vinicius Gritzbach. Não mantive qualquer contato próximo ou mediato com essa pessoa. Nunca intermediei ou atuei pela gestão de procedimentos judiciais ou extrajudiciais a respeito dele, quem só soube existir quando do seu homicídio, publicamente divulgado, no aeroporto de Guarulhos”, diz trecho do texto.
“Também não tenho amizade, e não guardo nenhuma relação próxima com o advogado de prenome Ramses. Na condição de Deputado Estadual, eu e outras autoridades, recebemos e atuamos em favor da cidadania e para atender legítimos interesses de pessoas que demandam ajuda. Esse, aliás, é o bom ofício de autoridades públicas que agem pelo povo, a quem representamos e quem nos confia responsabilidades”, acrescentou.
Olim pontuou que repudia e expressa indignação com o uso do seu nome de forma vil, gratuita e indevida. “Não recebi nenhuma notificação oficial a respeito desses fatos, e sigo absolutamente sereno com relação a esse episódio, sobre o qual haverei de me posicionar, cobrando das autoridades os esclarecimentos e demandando as responsabilidades devidas, no momento e nas vias apropriadas para fazê-lo”, finalizou.
Murillo Fonseca
Em nota enviada à Band, a Secretaria de Segurança Pública disse que o delegado Murillo Fonseca negou tudo o que foi citado na delação e afirmou ainda que nunca participou "de qualquer reunião com o tal advogado Ramses, com Dr Fábio e com Dr Olim".
Advogado Ramsés
O advogado Ramsés afirmou que não teve conhecimento oficial sobre sua citação e eventuais documentos existentes na delação de Vinicius Gritzbach. “Posso assegurar que após 25 anos de exercício profissional jamais tive qualquer mácula que pudesse afetar minha condução ética e moral”.
“Que não são verdadeiras as ilações trazidas, nunca contribui direta ou indiretamente para corromper agentes públicos, tampouco usei de influência para tal. Não tratei em momento algum sobre a investigação do Sr. Vinicius com os agentes públicos mencionados na denúncia. Somente tive recebimentos do Sr. Vinicius a título de honorários advocatícios”, diz trecho da nota.
Ele afirma que está à disposição das autoridades para prestar os esclarecimentos necessários, “bem como me contrapor, inclusive documentalmente, com relação a cada ponto suscitado na delação”.