Uma lista com mais de 400 nomes de estrangeiros foi divulgada nesta quarta-feira (1º) com autorização para que essas pessoas cruzem a passagem de Rafah, na fronteira da Faixa de Gaza com o Egito. Porém, a relação não inclui nenhum brasileiro.
A informação da abertura do corredor humanitário causou comentários negativos entre o grupo de brasileiros que estão em Rafah e Khan Yunis. O palestino-brasileiro Hasan Habbee conversou com o Bora Brasil e criticou a atuação do governo federal: “Até quando vamos ficar aqui (Gaza)?”.
“Infelizmente a gente não tem informação de quando vai sair. Não há informação do embaixador do Brasil na Palestina e nem do Egito. Eu recebi por um amigo meu, funcionário na fronteira, essa lista de nomes às 00h. Liguei para o embaixador e nenhum tinha informação”, desabafou o brasileiro.
“A gente precisa de mais força do governo para a negociação de saída dos brasileiros. Infelizmente, é muito triste o que a gente está passando. Ninguém tem informação de quando a gente vai sair daqui”, continuou.
Hasan Habbee informou que as crianças do grupo estão doentes e relata que a filha está com febre. Para encontrar um remédio em Khan Yunis, ele precisou procurar o medicamento em, pelo menos, 11 farmácias da região. O brasileiro reforçou que as forças israelenses estão utilizando bombas de fósforo branco.
“A gente está passando por algo bem terrível aqui, um caso bem delicado, sem água, sem luz, sem energia, sem gás, sem combustível”, pontuou o palestino-brasileiro. “A esperança de ‘amanhã, amanhã’, vai fazer um mês que a gente está aqui negociando saída”, acrescentou.
O embaixador brasileiro na Palestina, Alessandro Candeas, afirma que novas listas devem ser publicadas nos próximos dias e que "espera que os brasileiros estejam nelas".
No total, 34 pessoas, sendo 24 brasileiros, 7 palestinos em processo de imigração e 3 palestinos familiares próximos que darão início à imigração, aguardam pela repatriação do governo federal. Desse total, 18 são crianças e 10 são mulheres.
Passagem de Rafah
O Grupo Bandeirantes apurou que o governo federal, por meio do Ministério das Relações Exteriores, negocia com autoridades do Egito e da Palestina para que o Brasil receba a autorização para resgatar nesta quinta-feira (2) o grupo de nacionais que estão aguardando a abertura do corredor humanitário na passagem de Rafah.
Repatriação de brasileiros na Cisjordânia
O governo federal anunciou na manhã desta quarta-feira (1º) o resgate de um grupo de 33 brasileiros que estavam na Cisjordânia e haviam solicitado a repatriação para o Brasil. A operação foi coordenada pela Representação Brasileira em Ramallah.
Segundo o Palácio do Planalto, o grupo de brasileiros conta com 33 pessoas de 12 famílias, sendo 12 homens, 10 mulheres e 11 crianças. Além disso, o grupo conta com seis idosos.
“Segundo o embaixador Alessandro Candeas, três veículos, entre ônibus e vans alugados pela representação do Brasil, conduziram os passageiros de 11 cidades da Cisjordânia até a cidade de Jericó”, informou o Planalto.
Em Jericó, todos fizeram os trâmites migratórios e partiram para a fronteira com a Jordânia. Na sequência, embarcaram em outro ônibus fretado pelo governo para direcionar a caravana até Amã, capital da Jordânia. Um deslocamento de pouco mais de uma hora.
"Os veículos foram identificados com a bandeira do Brasil. Para fins de segurança, as placas, trajetos e listas de passageiros foram informados às autoridades da Palestina e de Israel", explicou Candeas.
O voo terá como destino no Brasil a Base Aérea de Brasília. O destino final das pessoas repatriadas será Foz do Iguaçu (oito), São Paulo (cinco), Florianópolis (quatro), Recife (três), Rio de Janeiro (três), Fortaleza (três), Curitiba (dois), Goiânia (dois), Brasília (dois) e Porto Alegre (um).