A mineira Carolina Arruda Leite, de 27 anos, está fazendo uma vaquinha para fazer a eutanásia, que é quando a equipe médica administra doses de medicamentos no paciente até ele falecer. Ela deseja arrecadar R$ 150 mil para realizar o procedimento na Suíça, onde é legalizado.
Diferentemente do suicídio assistido, que é quando a equipe médica fornece medicamentos para o procedimento, mas é o próprio paciente que administra a dose fatal.
A jovem tem uma doença chamada de neuralgia do trigêmeo. Segundo especialistas, essa condição causa uma das dores mais fortes que o ser humano pode sentir. E ela pode ocorrer por vários motivos, principalmente com a compressão vascular do nervo do crânio.
A dor é semelhante a um choque elétrico ou a fortes pontadas. Até o momento a jovem já arrecadou 73% do valor estimado, ela já conseguiu cerca de R$ 110 mil, a meta é chegar aos R$ 150 mil.
No Congresso Nacional há projetos em tramitação que tratam da morte assistida. A maioria são sobre a ortotanásia, mas há também um PL que busca deixar de tipificar a eutanásia como homicídio no Brasil.
No Brasil, tanto a eutanásia quanto o suicídio assistido são considerados ilegais, porque segundo a Constituição Federal, o direito à vida é fundamental e irrenunciável.
Quem é Carolina
Mãe de uma criança de 10 anos, casada e com o sonho de fazer medicina, Carolina convive há 11 anos com a neuralgia do trigêmeo bilateral, uma condição rara e considerada a mais dolorosa do mundo. Após esgotar todas as opções médicas, ela decidiu buscar a morte assistida.
Desde a descoberta, Carolina passou por diversos tratamentos e cirurgias, além de tratamentos com anticonvulsivantes, analgésicos, opioides e antidepressivos, mas nenhum aliviou a dor. Atualmente, a condição da jovem é considerada refratária, ou seja, intratável.
"Sempre adorei ler, estudar e fazer atividade física. Eu queria seguir uma carreira que me permitisse ajudar aos animais, algo pelo qual sou muito apaixonada. No entanto, a dor constante tirou de mim a capacidade de fazer essas coisas, transformando meus dias em uma luta contínua", conta.
O que é neuralgia do trigêmero bilateral
Condição rara, estudos estimam que de 4 a 13 pessoas são afetadas pela doença a cada 100 mil todos os anos. Normalmente, os pacientes descrevem os sintomas como "a pior dor do mundo".
A principal característica é uma dor lancinante súbita e intensa, que geralmente dura de alguns segundos a dois minutos, normalmente na área da mandíbula. A dor surge de estímulos do dia a dia, como mastigar, falar ou escovar os dentes.
A maioria dos casos tem origem desconhecida, mas muitos estão associados à compressão do nervo trigêmeo, um dos 12 pares de nervos do crânio que estão ligados diretamente ao cérebro.
Uma minoria dos casos acontece por conta de esclerose múltipla ou tumores. A maioria dos pacientes responde bem aos medicamentos, que primeiro é feito com anticonvulsivante.
Se o tratamento medicamentoso falhar ou não for tolerado, tratamentos cirúrgicos estão disponíveis. Além de tratamentos medicamentosos, Carolina já passou por quatro procedimentos cirúrgicos e nenhum trouxe o alívio esperado.