Brasil repudia declarações do presidente da Conmebol e cita falhas contra o racismo

Nota conjunta dos ministérios da Igualdade Racial, das Relações Exteriores e do Esporte pede ações para coibir e reprimir atos de racismo

da redação com andrey mattos

Brasil repudia declarações do presidente da Conmebol e cita falhas contra o racismo
Alejandro Dominguez, presidente da Conmebol
Divulgação/Conmebol

O governo brasileiro emitiu, nesta terça-feira (18), uma nota repudiando a declaração do presidente da Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol), Alejandro Dominguez, de que uma Copa Libertadores sem a presença de equipes brasileiras seria como “Tarzan sem Chita”.

A manifestação do governo foi assinada pelos ministérios da Igualdade Racial, das Relações Exteriores e do Esporte. 

“O governo brasileiro repudia, nos mais fortes termos, as declarações do Presidente da Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol), Alejandro Domínguez (...). As declarações ocorrem em contexto em que as autoridades da Conmebol têm reiteradamente falhado em adotar providências efetivas para prevenir e evitar a repetição de atos de racismo em partidas por ela organizadas, incluindo medidas para combater a impunidade e promover a responsabilização dos responsáveis”, diz trecho da nota. 

No comunicado, o governo federal apelou para que a Conmebol e as federações nacionais da modalidade da América do Sul atuem “decisivamente para coibir e reprimir atos de racismo, discriminação e intolerância, promover políticas de igualdade racial e compartilhar conhecimento e boas práticas para ampliar o acesso de pessoas afrodescendentes, imigrantes e outros grupos vulneráveis ao esporte”.

“O governo brasileiro reitera seu compromisso com iniciativas de combate ao racismo e de promoção da igualdade racial, inclusive medidas contra qualquer tipo de discriminação nas diferentes modalidades de esportes”, finalizou. 

Comparação abominável, diz Leila Pereira

Presidente do Palmeiras, Leila Pereira repudiou as falas de Alejandro Domínguez, chefe da Conmebol. 

“Quando vi a declaração do presidente Alejandro Domínguez, confesso que custei a acreditar que ela fosse verdadeira. Achei até que pudesse ser um vídeo manipulado por Inteligência Artificial. Aliás, pensando bem, acho que nem mesmo a Inteligência Artificial seria capaz de produzir uma declaração tão desastrosa quanto esta”, disse Leila.

Não é possível que, mesmo após o caso de racismo do qual os atletas do Palmeiras foram vítimas no Paraguai, o presidente da Conmebol faça uma comparação abominável como a que ele fez. Parece até uma provocação ao Palmeiras e aos demais clubes brasileiros - Leila Pereira.

Declaração 

A declaração aconteceu após a realização do sorteio da Libertadores. O paraguaio de 53 anos concedeu entrevistas depois do evento, que aconteceu na sede da entidade, na noite da última segunda-feira (17).

Ao ser questionado de como seria uma Libertadores sem a presença dos clubes brasileiros, Alejandro Domínguez respondeu que "isso seria como Tarzan sem Cheeta".

Ele pediu desculpas pela declaração. Nas redes sociais, o dirigente afirmou que usou "uma frase popular". Ele também disse que não teve “a intenção de menosprezar nem desqualificar ninguém”.

“Em relação a minhas recentes declarações, quero expressar minhas desculpas. A expressão que utilizei é uma frase popular e jamais tive a intenção de menosprezar nem desqualificar ninguém. A CONMEBOL Libertadores é impensável sem a participação de clubes dos dez países membros”, iniciou Dominguez.

“Sempre promovi o respeito e a inclusão no futebol e na sociedade, valores fundamentais para a CONMEBOL. Reafirmo meu compromisso de seguir trabalhando por um futebol mais justo, unido e livre de descriminação”, prosseguiu.
 

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