O Ministério das Relações Exteriores declarou, nesta segunda-feira (4), que acompanha com “preocupação” a grave “deterioração da situação de segurança pública” no Haiti, que levou o país a decretar estado de emergência.
A decisão do país caribenho ocorreu após gangues armadas invadirem as duas maiores prisões do território haitiano, que fez com que mais de três mil criminosos saíssem das cadeias e voltassem para as ruas. Entre os detentos que fugiram, estão assassinos e sequestradores.
Os tiroteios se intensificaram nesta segunda-feira (4) em vários pontos da capital do Haiti, Porto Príncipe, incluindo no aeroporto, em mais um dia de violência, enquanto o paradeiro do primeiro-ministro, Ariel Henry, continua desconhecido.
Em nota, o Itamaraty também cobrou da comunidade internacional que tome medidas concretas para apoiar o país, com o envio de uma missão internacional de segurança.
“Ao recordar seu histórico compromisso com a estabilização do Haiti, o Brasil conclama a comunidade internacional a adotar, com urgência, passos concretos para apoiar o país, em particular por meio da implementação da Resolução 2699 (2023) do Conselho de Segurança da ONU, que cria a Missão Multinacional de Apoio à Segurança no Haiti (MSS), bem como por meio de ações em prol do desenvolvimento do país”, escreveu o Itamaraty.
O Brasil também cobrou das lideranças haitianas que contribuam para a realização de eleições, assim que a situação de violência esteja minimamente contornada, para garantir segurança a eleitores e candidatos.
“O governo brasileiro reitera, igualmente, a importância de que os principais atores políticos haitianos se engajem no processo de diálogo nacional, com vistas à realização de eleições tão logo sejam dadas as condições securitárias para que os eleitores e candidatos haitianos possam participar adequadamente do processo democrático”, pontuou.
Segundo o Itamaraty, a embaixada do Brasil em Porto Príncipe está em contato constante com a comunidade brasileira que reside no Haiti. Até o momento, não há registros de nacionais diretamente afetados pela violência no país.
Fugas em massa
Apenas uma centena dos cerca de 3.800 detentos da Penitenciária Nacional – a maior do país – ainda estavam no local após a fuga deste fim de semana, afirmou Pierre Esperance, da Rede Nacional de Defesa dos Direitos Humanos. "Contamos muitos corpos de prisioneiros", relatou.
Entre os poucos detentos que permaneceram no presídio, estava um grupo de 18 ex-soldados colombianos acusados de atuarem como mercenários e de envolvimento no assassinato de Moïse.
No sábado à noite, os colombianos divulgaram um vídeo pedindo ajuda, afirmando que as gangues massacravam pessoas indiscriminadamente dentro das celas. Um deles disse a jornalistas que não fugiu porque era inocente. O Ministério do Exterior da Colômbia pediu ao governo do Haiti proteção especial ao grupo.
Outro presídio em Porto Principe com cerca de 1.450 detentos também foi invadido. Não havia ainda informações sobre quantos prisioneiros fugiram do local.
"A polícia recebeu ordens para usar todos os meios legais a seu alcance para impor o toque de recolher e prender todos os criminosos", informou em nota o ministro das Finanças do Haiti, Patrick Boivert, que atua como primeiro-ministro interino.