Após acordo com os EUA, Julian Assange deixa prisão no Reino Unido

Segundo o acordo, o fundador do Wikileaks vai se declarar culpado por conspirar para obter e divulgar ilegalmente informações confidenciais

Eduardo Barão com DW

O fundador do Wikileaks, Julian Assange, de 52 anos, deixou a prisão no Reino Unido nesta segunda-feira (24) após chegar a um acordo judicial com autoridades dos Estados Unidos, que colocou fim ao seu drama jurídico de anos.

"Julian Assange está livre. Ele deixou a prisão de segurança máxima de Belmarsh na manhã de 24 de junho, após passar lá 1.901 dias", anunciou nesta terça-feira (25) o portal WikiLeaks em seu perfil na rede social X, antigo Twitter. 

O jornalista já saiu do Reino Unido e estaria em um avião fretado que fez um pouso em Bangkok e tem destino a Austrália. Mas antes ele deve passar ainda nas Ilhas Marianas para firmar o acordo com a Justiça dos Estados Unidos.

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O WikiLeaks afirmou que Assange "recebeu liberdade sob fiança do Tribunal Superior de Londres e foi liberado à tarde no aeroporto de Stansted, de onde embarcou num avião e deixou o Reino Unido".

"Depois de mais de cinco anos em uma cela de 2x3 metros, isolado 23 horas por dia, logo irá se reunir com sua esposa, Stella Assange, e seus filhos, que só conheceram o pai atrás das grades", acrescentou o portal. O Wikileaks também divulgou um vídeo que mostra Assange lendo papéis e depois subindo os degraus de um avião.

Acordo com Justiça americana

A justiça dos EUA acusou Assange de até 18 crimes relacionados a violações da Lei de Espionagem devido a um dos maiores vazamentos de informações confidenciais da história do país. 

Segundo o acordo firmado com o Departamento de Justiça, Assange vai se declarar culpado de uma única acusação: a de conspirar para obter e divulgar ilegalmente informações confidenciais. O acordo, que ainda precisa ser aprovado por um juiz, prevê que Assange seja condenado a 62 meses de prisão, o equivalente ao tempo que já cumpriu na prisão de alta segurança de Belmarsh, no Reino Unido.

Assange comparecerá na quarta-feira, às 9h (hora local), a um tribunal nas Ilhas Marianas, um território dos EUA no Oceano Pacífico, para finalizar o acordo que permitirá o seu retorno à Austrália. A audiência ocorrerá nas Ilhas Marianas devido à proximidade com a Austrália e à oposição de Assange em viajar para o território continental dos EUA.

O jornalista estava detido em Belmarsh, no leste da capital britânica, desde 2019, quando foi preso após sete anos exilado dentro da embaixada do Equador em Londres, onde se refugiou para evitar ser extraditado para a Suécia, onde era acusado de abuso sexual, algo que ele sempre negou. Posteriormente, a Justiça sueca arquivou o caso.

Desde então que os EUA tentavam a extradição de Assange , e o jornalista vinha enfrentando uma batalha legal para impedir a deportação. Organizações de liberdade de imprensa pediam a libertação de Assange há anos, e a esposa dele, Stella, liderava uma campanha em sua defesa envolvendo celebridades e personalidades políticas.

O acordo alcançado não foi totalmente inesperado. O presidente Biden estava sob pressão para encerrar o caso de longa data contra Assange. Em fevereiro, o governo australiano fez um pedido oficial nesse sentido, e Biden afirmou que iria considerar a questão, aumentando as esperanças entre os apoiadores do ativista de que fosse alcançada uma solução em breve.

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