‘Pobres e cotistas’: alunos de direito da PUC gritam ofensas contra estudantes da USP

Deputada federal Samia Bomfim e a vereadora Luana Alves protocolaram uma denúncia no Ministério Público pedindo abertura de inquérito contra atos racistas

Por Guilherme Oliveira

Alunos do curso de direito da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) gritaram ofensas racistas contra estudantes da USP durante Jogos Jurídicos Estaduais em Americana, no interior de São Paulo. O caso aconteceu no último sábado (16). 

Nos vídeos, alunos são flagrados chamando os estudantes de “pobres” e gritando “ainda por cima é cotista”, entre outros insultos. 

Letícia Chagas, co-deputada estadual, comunicou que em conjunto com a deputada federal Samia Bomfim e vereadora Luana Alves, foi protocolada uma denúncia no Ministério Público de São Paulo (MPSP) pedindo a abertura de inquérito contra os atos racistas. 

A denúncia das parlamentares aponta que "as referidas ofensas transcendem o ambiente de rivalidade esportiva e configuram um comportamento discriminatório que associa a condição socioeconômica e racial de estudantes cotistas a uma suposta inferioridade". 

Elas afirmam que "tais atitudes configuram violação aos direitos fundamentais e ferem diretamente os valores da dignidade humana e da igualdade". 

Em nota conjunta, os coletivos estudantis afirmam que "é importante frisar que ataques de ódio como este acontecem há muito tempo", de forma que eles se iniciam nos corredores e salas da PUC-SP.

A nota ainda pede que "haja a expulsão da Torcida de Direito da PUC-SP dos Jogos Jurídicos Estadual de São Paulo de 2024, e uma punição adequada para os alunos e alunas que incitaram ódio". 

As faculdades de Direito da PUC e da USP repudiaram o episódio e classificaram as manifestações dos estudantes como "absolutamente inadmissíveis" e contra os "valores democráticos e humanistas, historicamente defendidos por nossas instituições".

Os dois centros se comprometeram a "apurar rigorosamente o caso, garantindo a ampla defesa e o devido processo legal, e a responsabilizar os envolvidos de maneira justa e exemplar". E garantiram que planejam "implementar protocolos que fortaleçam ouvidorias, promovam a prevenção e a educação antirracista e assegurem um ambiente inclusivo e respeitoso para todos os alunos e alunas".

As faculdades ainda afirmaram que o ambiente universitário deve atuar como um espaço de reparação e transformação em meio à segregação social no Brasil.

Em posicionamento divulgado à imprensa, a PUC lamentou o episódio e disse que "repudia com veemência toda e qualquer forma de violência, racismo e aporofobia". A universidade ressaltou que "manifestações discriminatórias são vedadas pelo Estatuto e pelo Regimento da Universidade, além de serem inadmissíveis e incompatíveis com os princípios e valores de nossa Instituição.

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