O líder da oposição russa Alexei Navalny morreu aos 47 anos nesta sexta-feira na prisão após perder a consciência, informou o serviço penitenciário da região de Yamalo-Nenets, onde ele cumpria pena há três anos. Ele foi condenado a 19 anos de prisão por extremismo.
"Navalny se sentiu mal após uma caminhada, perdendo a consciência quase que imediatamente. A equipe médica chegou imediatamente e uma equipe de ambulância foi chamada. Foram realizadas medidas de reanimação que não produziram resultados positivos. Os paramédicos confirmaram a morte do condenado. As causas da morte estão sendo estabelecidas", disse o comunicado.
Alexei Navalny era um ex-advogado, que ganhou fama após satirizar a elite do presidente Vladimir Putin e fazer acusações de corrupção no governo. Antes de ser preso, chegou a liderar um movimento contra o chefe do Kremlin, que levou milhares de pessoas às ruas do país.
Segundo o jornal britânico The Guardian, Navalny já havia sido tratado no hospital após reclamar de desnutrição e outras doenças devido a maus-tratos na prisão.
O Kremlin declarou que não tem informações sobre a causa da morte. Putin foi informado da morte de Navalny, disse o porta-voz Dmitri Peskov.
Ativista quase morreu envenenado na Sibéria
Em agosto de 2020, na Sibéria, Navalny quase morreu envenenado por Novichok, uma substância neurotóxica desenvolvida pela antiga União Soviética, num atentado que o Ocidente atribuiu ao FSB, o serviço secreto russo.
Levado à Alemanha para tratamento, Navalny optou por voltar à Rússia em meados de 2021, apenas para ser imediatamente preso ao pôr os pés em Moscou, desencadeando alguns dos maiores protestos que a Rússia já testemunhou em décadas.
Taxado de extremista, o movimento anticorrupção liderado por Navalny foi encerrado. Seus principais aliados foram presos ou se exilaram no exterior.
Navalny denunciou Rússia por guerra na Ucrânia
O ex-advogado agora só é visto em vídeos de baixa resolução durante audiências judiciais realizadas na prisão de segurança máxima, mas continua criticando o Kremlin, agora pela invasão da Ucrânia.
A Rússia apertou o cerco sobre dissidentes desde a invasão em larga escala do território ucraniano, em fevereiro de 2022.
Apoiadores de Navalny relatam que ele tem sofrido perseguição na prisão e foi posto diversas vezes em solitária. Guardas teriam ainda sujeitado ele e outros presos a "tortura" ao forçá-los a ouvir discursos do presidente Putin.