Alckmin esteve com líder do Hamas horas antes de Ismail Haniyeh ser morto

Vice-presidente representou o governo brasileiro na posse do novo presidente do Irã; eles não conversaram durante a cerimônia

Beatriz Ferrete com DW

O vice-presidente brasileiro, Geraldo Alckmin (PSB), esteve próximo ao chefe do grupo Hamas, Ismail Haniyeh, durante a posse do novo presidente do Irã, Masoud Pezeshkian, em Teerã. Horas depois, o extremista foi morto. 

Geraldo Alckmin representou o governo brasileiro na cerimônia de posse, mas não falou com o líder do grupo terrorista. No evento, eles estavam a poucos metros de distância e em uma foto de líderes. 

O Hamas e a Guarda Revolucionária do Irã informaram nesta quarta-feira (31) que Ismail Haniyeh, um dos líderes do grupo radical islâmico no exílio, foi morto em um bombardeio a uma casa na capital iraniana, Teerã.

Ismail Haniyeh era considerado o líder político do Hamas e vivia no Catar. Ele estava participando das negociações de cessar-fogo na Faixa de Gaza e tinha um mandado de prisão contra ele, que foi emitido pelo Tribunal Penal Internacional (TPI). 

O secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, declarou que a morte de Ismail não tem ligação com o país e que a morte do líder do Hamas torna imprescindível um acordo de cessar-fogo entre o grupo extremista e Israel. 

A morte do líder do grupo foi atribuída a Israel, que até o momento não fez qualquer comentário sobre o caso. Desde o início da guerra, em outubro do ano passado, Tel Aviv havia afirmado que pretendia matar todos os líderes do Hamas, ou seja, Ismail era alvo. 

Ataque contra Ismail aconteceu no mesmo dia que Israel reivindicou a morte de um comandante do grupo libanês Hezbollah, em Beirute. Porém, o grupo xiita ainda não confirmou a morte. Tratou-se de uma retaliação ao ataque em Golã que matou 12 crianças no fim de semana.

Quem foi Ismail Haniyeh?

Ismail Haniyeh, geralmente considerado o líder supremo da organização, nasceu em um campo de refugiados em Gaza e entrou para o Hamas em 1987, durante a fundação do grupo e em meio a um cenário de grande revolta contra Israel.

Estudou em uma escola das Nações Unidas e na Universidade Islâmica de Gaza, onde teria entrado em contato com movimentos radicais de independência. Foi nomeado diretor do departamento de Filosofia em 1993 e, em 1997, tornou-se secretário pessoal do líder espiritual do Hamas, Sheikh Ahmed Yassin.

Em 2006, Haniyeh foi nomeado primeiro-ministro da Autoridade Nacional Palestina pelo presidente Mahmoud Abbas depois que o Hamas conquistou a maioria dos assentos nas eleições legislativas. No entanto, foi demitido do cargo apenas um ano depois, quando o Hamas desencadeou uma onda de violência mortal para expulsar o partido Fatah, de Abbas, da Faixa de Gaza.

Haniyeh se recusou a renunciar, e o Hamas continua governando a Faixa de Gaza até hoje, enquanto o Fatah permanece responsável pela Cisjordânia ocupada. Em 2017, Haniyeh foi eleito chefe do escritório político do Hamas, sucedendo Khaled Mashal.

Desde 2016, vivia em exílio, tendo passado pelo Catar e pela Turquia, de onde mantinha relações próximas com várias facções palestinas. Nos últimos meses, Haniyeh se reuniu com líderes políticos do Irã e da Turquia em missões diplomáticas.

O Hamas liderou os ataques terroristas contra Israel em 7 de outubro, nos quais 1.200 pessoas, a maioria civis, foram mortas e cerca de 250 reféns foram levados para Gaza.

O grupo radical islâmico é considerado uma organização terrorista por Israel, Estados Unidos e Alemanha, entre outros. Em resposta, Israel iniciou uma operação militar em Gaza que já matou mais de 39.000 pessoas, de acordo com o Minsitério da Saúde local, controlado pelo Hamas, além de deixar mortos em ataques no Líbano e no Iêmen.

af/le (AP, AFP, Reuters, dpa)

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