Agentes da PRF que atiraram contra família dizem em depoimento que 'se enganaram'

Caso aconteceu em Duque de Caxias, no Rio de Janeiro; jovem está internada em estado grave

Por Pedro Dobal

Os três agentes da Polícia Rodoviária Federal (PRF) que atiraram contra o carro de uma família em Duque de Caxias, no Rio de Janeiro, disseram, em depoimento, que ouviram o som de disparos e pensaram que os tiros haviam partido daquele veículo, mas se enganaram. 

As armas utilizadas na ação – dois fuzis e uma pistola – foram recolhidas e vão passar por perícia. Os agentes foram afastados de suas funções. O caso é investigado pela Polícia Federal. 

Jovem está em estado grave

O caso aconteceu na noite desta terça-feira (24), véspera de Natal, na Rodovia Washington Luís. A família, de cinco pessoas, havia saído de Belford Roxo, na Baixada Fluminense, em direção a Niterói, na região metropolitana, a caminho de uma confraternização. Os familiares disseram à reportagem do Bora Brasil que não houve nenhuma ordem de parada por parte dos policiais, que teriam “chegado atirando”

“Não tinha motivo para sair atirando no carro da gente. A gente estava andando normal e eles [os policiais] vieram atrás. A gente viu a luz piscando e meu marido achou que eles queriam passagem e deu. Só que eles não passaram. A gente voltou para o mesmo lado, aí começaram a atirar”, relatou a mãe. 

Uma jovem de 26 anos identificada como Juliana Leite Rangel levou um tiro na cabeça e foi encaminhada ao Hospital Municipalizado Adão Pereira Nunes. Ela precisou ser entubada, passou por cirurgia e tem quadro de saúde gravíssimo.

O pai da vítima levou um tiro na mão, recebeu atendimento e já foi liberado. Os outros ocupantes – a mãe, um filho e a namorada dele – não se feriram. 

“Eles começaram a metralhar o carro. Foram mais de 30 tiros, contamos as cápsulas. Isso é um absurdo. Minha filha é uma pessoa muito legal, trabalhadora, maravilhosa e está lá entubada. Só espero que Deus tenha misericórdia da vida dela. E quero justiça, essas pessoas estão tudo aí”, completou a mãe. 

De acordo com ela, quando os agentes perceberam que a jovem havia sido atingida, tentaram criar uma versão falsa para o caso. 

“Eu falei ‘aqui é família’ e eles falaram ‘vocês atiraram na gente’. Mas como? A gente nem tem arma”, disse. Desesperada, a mãe continuou gritando a um deles ”você matou minha filha, você matou minha filha". 

Ele botou a mão na cabeça, deitou no chão e ficou se batendo, ele sabe que fez besteira.

Os agentes da PRF, segundo os familiares, não socorreram a vítima. Dois policiais militares que passavam pelo local se aproximaram e prestaram o atendimento.

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