Depois de demitir o ministro da Defesa, o presidente Jair Bolsonaro mandou trocar os comandantes do Exército, Marinha e Aeronáutica.
Reunião tensa, sem espaço para que os comandantes colocassem os cargos à disposição. Eles foram comunicados pelo General Braga Neto, substituto de Fernando Azevedo e Silva, que deveriam deixar os postos imediatamente. O almirante Ilques Barbosa reagiu, mas não houve insubordinação. Estava feita a vontade do presidente Bolsonaro.
Azevedo, que foi ministro da Defesa desde o início do governo, sai com a certeza de que foi leal sem ter sido submisso. O episódio ainda está sendo digerido pelos militares, mas o futuro não parece imprevisível.
Apesar de Braga Netto ter um alinhamento maior com o Planalto, a sinalização das forças armadas é a de que podem trocar os comandos, mas não se toca no essencial: os militares vão continuar a exercer o papel institucional de defesa do País, e não se prestarão à condição de bajuladores incondicionais do presidente da república.
Bolsonaro, por várias vezes, insinuou usar o Exército para defender seus pontos de vista. Mas os recados do General Pujol sempre foram claros ao presidente.
“Não queremos fazer parte da política governamental, ou política do Congresso Nacional, e muito menos, queremos que a política entre no nosso quartel”, disse o general à época.
Diante das recomendações contra a covid, gestos também marcaram o distanciamento, que aumentou depois que Pujol contraiu a doença.
Depois de autorizar a troca nos comandos, Bolsonaro disse a apoiadores que age com base na Constituição.
"A minha linha de ação são as quatro linhas da Constituição Brasileira. E sempre disse para todo mundo: mais importante que a tua vida é a tua liberdade”, afirmou o presidente.
Caberá a Braga Netto, com aval do presidente, escolher os substitutos das Forças Armadas.
Um dos mais cotados para o Exército é o General Marco Antônio Freire Gomes, comandante militar do Nordeste. Mas antes dele, há quatro generais, que por ordem de antiguidade, devem ser considerados: General Décio Luís Schons, General José Carlos de Nardi, Genral José Luiz Freitas e General Marcos Antonio dos Santos.
A Aeronáutica e a Marinha também já encaminharam ao novo ministro lista dos militares mais antigos aptos a ocuparem os cargos.
Na noite desta terça, o comandante da Aeronática, Brigadeiro Antonio Carlos Bermudez, divulgou nota para a tropa, sobre sua saída do cargo.
“Recebi essa notícia como um bom soldado, que dedicou 46 anos de sua vida a servir ao seu país”, disse Bermudez.
"Ao deixar o comando da Aeronáutica, meu sentimento é de gratidão aos que labutaram ao meu lado, direta e indiretamente, para que a Força Aérea, uma instituição de Estado, servisse ao povo brasileiro em todos os seus chamados”. Ele encerra agradecendo aos civis e militares da força e pede que "acreditem na relevância da nossa missão que, balizada pelos inarredáveis preceitos constitucionais, coopera para a soberania daquilo que nos cabe: o espaço aéreo".