O presidente Jair Bolsonaro voltou a atacar o presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Luís Roberto Barroso durante encontro com apoiadores nesta sexta-feira (6) em Joinville (SC). Desta vez, ele subiu o tom e fez ofensas ao magistrado, em vídeo gravado que já circula nas redes sociais.
"Aquele filho da p... ainda trai a gente dessa maneira. Aquele filho da p... do Barroso", disse em meio ao público (veja no vídeo acima).
No local, houve aglomeração de pessoas e o presidente não usava máscara de proteção contra a covid-19, assim como alguns presentes no local.
Depois do ataque, em palestra a empresários da região, Bolsonaro moderou o tom e se disse “aberto ao diálogo”.
“Não estou atacando o Supremo Tribunal Federal. Longe disso. O que menos existe, parece, é harmonia. Nunca proferi uma só palavra, tive um só ato, uma só posição fora das quatro linhas da Constituição. Da minha parte, conversar com vossa excelência, ministro Fux, estou aberto ao diálogo. Não tem problema nenhum. Só nós dois. Ou chama lá também o Rodrigo Pacheco. Convido também o Arthur Lira”.
O ministro do STF respondeu o presidente em evento que participou, em São Paulo, horas depois.
“Não sou um ator politico, portanto eu não tenho interesse, nem cultivo polemicas pessoais. E por isso eu não paro para bater boca, não me distraio com miudezas. Meu universo vai bem além do cercadinho”, rebateu.
Reações
O repórter Caiã Messina, da Band, conversou com alguns ministros do Supremo, que se disseram “perplexos” com o fato e garantiram que a saída para esta crise institucional se dará dentro da Constituição.
Após o novo episódio, um grupo de 27 subprocuradores elaborou um manifesto criticando “ameaças de ruptura institucional” e onde pedem para o Procurador-Geral da República Augusto Aras “agir enfaticamente” contra os ataques do presidente.
Em Brasília, Aras se encontrou com Luís Fux, presidente do STF. Foram 50 minutos de conversa. Em uma nota conjunta divulgada para a imprensa, os dois renovaram o compromisso de manutenção do diálogo permanente entre o Ministério Público e o Poder Judiciário, e reafirmaram a importância desse diálogo para aperfeiçoar a justiça a serviço da democracia.
Tensão entre os poderes
O novo ataque acontecem em meio à escalada da tensão entre os poderes. Na última quinta (5), o presidente do Supremo Tribunal Federal, Luiz Fux cancelou reunião que haveria entre os chefes de poderes, justamente para uma tentativa de acalmar os ânimos. Ele salientou que "o pressuposto do diálogo entre os poderes é o respeito mútuo entre as instituições e seus integrantes".
O discurso de Fux aconteceu após a reação de Bolsonaro à decisão da última quarta (4) do Supremo de incluí-lo no inquérito das fake news atendendo pedido do TSE, que citou o presidente como responsável disseminação de notícias falsas e pelos ataques às urnas eletrônicas e às eleições durante live no último dia 29 de julho.
Bolsonaro disse que o inquérito aberto pelo ministro Alexandre de Moraes é “ilegal” e que o antídoto para isso estaria também "fora das quatro linhas da Constituição". Porém, ele não explicou o que seria jogar fora das "quatro linhas".
Mesmo com manifestações de apoio do presidente Jair Bolsonaro e seus aliados, a Proposta de Emenda Constitucional do voto impresso foi rejeitada pela Comissão Especial da Câmara, e texto vai ao plenário, segundo o presidente da casa Arthur Lira (PP-AL).