Segundo inquérito da Polícia Federal, Jair Bolsonaro sabia do plano para matar Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Geraldo Alckmin (PSB) e o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), Alexandre de Moraes.
O documento foi colocado a público nesta terça-feira (26), após o Moraes retirar o sigilo do relatório. O ministro só manteve em segredo a delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro.
“As evidências colhidas, tais como os registros de entrada e saída de visitantes do Palácio do Alvorada, conteúdo de diálogos entre interlocutores de seu núcleo próximo, análise de ERBs, datas e locais de reuniões, indicam que Jair Bolsonaro tinha pleno conhecimento do planejamento operacional (Punhal Verde e Amarelo), bem como das ações clandestinas praticadas sob o codinome Copa 2022", afirma a PF no inquérito.
Além disso, os ex-comandantes do Exército, general Marco Antônio Freire Gomes, e da Aeronáutica, tenente-brigadeiro Carlos de Almeida Baptista Junior, rechaçaram o plano de golpe de Estado apresentado pelo ex-presidente, militares e apoiadores. O nome deles não consta entre os 37 indiciados pela Polícia Federal (PF).
As provas mostram que Freire Gomes foi pressionado a aderir às ideias golpistas. Ele, no entanto, não aceitou e afirmou em reuniões com o governo Bolsonaro que o Exército não iria aderir ao plano.
Em 7 de dezembro de 2022, o então presidente Jair Bolsonaro, já derrotado nas urnas por Luiz Inácio Lula da Silva, chamou os comandantes das Forças Militares e o ministro da Defesa para apresentar a minuta de um decreto presidencial e "pressionar as Forças Armadas a aderirem ao plano que objetivava a abolição do Estado Democrático de Direito".
"Os comandantes do Exército e da Aeronáutica se posicionaram contrários a aderir a qualquer plano que impedisse a posse do governo legitimamente eleito", diz o relatório da PF.
No entanto, o então comandante da Marinha, Almirante Almir Garnier, aceitou a ideia. O relatório cita que Garnier "colocou-se à disposição para cumprimento das ordens."
O relatório menciona ainda outra reunião, no dia 14 de dezembro de 2022, e diz que Garnier "foi o único comandante a não se opor aos atos que levariam à abolição do Estado Democrático de Direito."