Brasília receberá um desfile de blindados e tanques de guerra na Esplanada dos Ministérios para esta terça-feira (10). O desfile, que acontecerá com aval de Jair Bolsonaro, coincide com o mesmo dia em que o Congresso vai colocar em pauta a votação da PEC do voto impresso, fortemente defendida pelo presidente e seus aliados.
O ato é tradicional da Marinha e acontece desde 1988, mas nunca houve um desfile de veículos militares na Esplanada. A frota vai parar em frente ao Palácio do Planalto para entregar um convite ao presidente e outro para o Ministro da Defesa, general Walter Braga Netto, para a Operação Formosa.
O exercício militar do convite acontecerá no Campo de Instrução de Formosa, em Goiás, a 80 km de Brasília, em 16 de agosto. A operação terá 150 veículos militares, como tanques, blindados, veículos anfíbios e lança mísseis, entre outros, e envolverá mais de 2,5 mil de militares. Em 2021 vai contar, pela primeira vez, com a participação do Exército e da Força Aérea Brasileira.
Nos bastidores, os parlamentares acreditam que o desfile seja uma demonstração política de força em meio ao dia da votação que deve apontar a derrota da proposta pelo chamado “voto impresso e auditável”. Mas Arthur Lira, presidente da Câmara, criticou que o ato dá margem para as especulações.
“No país polarizado, isso dá cabimento para que se especule algum tipo de pressão. Entramos em contato com o presidente Bolsonaro, que garantiu que não há esse intuito. Mas não é usual, é uma coincidência trágica dos blindados para Formosa. Isso apimenta este momento”, disse.
Mesmo com manifestações de apoio do presidente Jair Bolsonaro e seus aliados, a Proposta de Emenda Constitucional do voto impresso foi rejeitada pela Comissão Especial da Câmara. Com isso, proposta irá a plenário nesta terça (10). Onze partidos já declararam ser contra a PEC, que precisa de pelo menos 308 votos dentre os 513 deputados para avançar no Congresso.
A Marinha emitiu nota alegando que o evento foi planejado antes da votação na Câmara. Horas após a polêmica, o presidente Bolsonaro postou, na noite desta segunda, um convite para os presidentes da Câmara, Senado, STF e do TSE comparecerem ao evento.
Tensão entre os poderes
A subida no tom dos ataques do presidente a Luís Roberto Barroso e ao STF acontece em meio à escalada da tensão entre os poderes. Na última quinta (5), o presidente do Supremo Tribunal Federal, Luiz Fux cancelou reunião que haveria entre os chefes de poderes, justamente para uma tentativa de acalmar os ânimos. Ele salientou que "o pressuposto do diálogo entre os poderes é o respeito mútuo entre as instituições e seus integrantes".
O discurso de Fux aconteceu após a reação de Bolsonaro à decisão da última quarta (4) do Supremo de incluí-lo no inquérito das fake news atendendo pedido do TSE, que citou o presidente como responsável disseminação de notícias falsas e pelos ataques às urnas eletrônicas e às eleições durante live no último dia 29 de julho.
Bolsonaro disse que o inquérito aberto pelo ministro Alexandre de Moraes é “ilegal” e que o antídoto para isso estaria também "fora das quatro linhas da Constituição". Porém, ele não explicou o que seria jogar fora das "quatro linhas".
Mesmo com manifestações de apoio do presidente Jair Bolsonaro e seus aliados, a Proposta de Emenda Constitucional do voto impresso foi rejeitada pela Comissão Especial da Câmara.
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