Bolsonaro nega ordem a Cid para vender relógio: “Nada de concreto contra mim”

Em entrevista, Bolsonaro citou matéria jornalística que indica que Cid teve autonomia sobre a suposta venda ilegal de um relógio de luxo Rolex

Da redação

Bolsonaro nega ordem a Cid para vender relógio: “Nada de concreto contra mim”
Bolsonaro comenta possibilidade de Mauro Cid confessar venda de Rolex
Agência Brasil

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) respondeu à possibilidade de o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do Planalto, confessar a própria participação no caso da venda ilegal de um relógio de luxo da marca Rolex. A informação foi revelada, na última quinta-feira (17), pelo advogado do militar ao repórter Caiã Messina, da Band Brasília

De acordo com Bolsonaro, o que Cid vier a falar não trará nada de concreto contra o ex-presidente. O tenente-coronel está preso desde maio, após a Polícia Federal (PF) revelar um esquema de falsificação de carteira de vacinação do então chefe do Executivo e de assessores.

“Eu li a matéria [da Veja que revelou que Cid confessaria a venda ilegal do Rolex]. Nada de concreto contra mim ali. O tempo vai esclarecer tudo”, disse Bolsonaro sobre declaração da defesa do Cid à imprensa.

Ainda ontem, Bolsonaro havia dito ao repórter Túlio Amâncio, também da Band Brasília, que não ordenou venda de bens nem recebeu valores em espécie do ex-ajudante de ordens.

“Autonomia de Cid"

Na entrevista desta sexta-feira (18), inicialmente divulgada pelo Estadão e liberada à Band pela assessoria de imprensa do ex-presidente, Bolsonaro sugeriu que Cid tinha autonomia no governo, ao ser perguntado se havia mandado o então funcionário vender o relógio. Na ocasião, citou uma reportagem da Folha.

“Eu já vi em outra matéria aí – não tenho conversado nem com ele, nem com o advogado dele. Acho que é da Folha, a matéria – dizendo que ele [Cid] tinha autonomia”, informou Bolsonaro.

Está na matéria da Folha que ele tem autonomia. Não vou mandar ninguém vender nada

Bolsonaro cobra legislação

Bolsonaro também explicou que o Brasil carece de uma legislação mais clara sobre presentes dados aos presidentes da República. Para ele, as normas atuais são confusas e cita uma portaria de 2018 que classifica joias como itens personalíssimos. Por outro lado, a medida foi revogada em 2022.

“Essa equipe que trabalha não é comissionada. São pessoas antigas que classificam [presentes]. Se classificou como personalíssimo, entra no acervo pessoal do presidente, conforme a própria portaria, de 2018, do presidente Temer – não é dele. É do governo dele – que fala que joias são personalíssimos”, continuou Bolsonaro.

Por determinação do Tribunal de Contas da União (TCU), desde 2016, presentes não considerados personalíssimos são propriedade do Estado e não do presidente que está no poder. Bolsonaro devolveu as peças alvos de investigação.

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