Jair Bolsonaro enfrentou resistências da cúpula das Forças Armadas para assinar um decreto golpista. Esta foi a conclusão a qual chegou à Polícia Federal (PF), que consta no relatório que teve o sigilo derrubado nesta terça-feira (26) e que indiciou o ex-presidente e outras 36 pessoas por tentativa de golpe de Estado e abolição violenta do estado democrático de Direito.
Em uma das passagens do documento, a polícia destaca que houve forte pressão sobre os comandantes do Exército, Marinha e Aeronáutica para que aderissem ao plano golpista.
“O núcleo responsável pela incitação de militares, utilizando o modus operandi da milícia digital, desencadeou a propagação de ataques pessoais aos comandantes Freire Gomes [do Exército] e Baptista Junior [da Aeronáutica], além de manifestações em suas residências para pressioná-los a aderirem ao golpe de Estado”, diz o relatório.
Porém, a PF destaca que Freire Gomes e a maioria do Alto Comando rechaçou a ideia e manteve uma postura institucional, o que desmotivou Bolsonaro a assinar uma minuta que daria início à implementação do golpe.
“Tal fato não gerou confiança suficiente para o grupo criminoso avançar na consumação do ato final e, por isso, o então presidente da república, Jair Bolsonaro, apesar de estar com o decreto pronto, não o assinou”, frisa a polícia.
No relatório, a PF ainda indica que Bolsonaro sabia do plano para matar Lula, Geraldo Alckmin e o ministro Alexandre de Moraes e que o ex-presidente atuou de forma “direta e efetiva” para tentar golpe.