O Presidente da República Jair Bolsonaro (PL) deu uma entrevista exclusiva ao canal AgroMais do Grupo Bandeirantes de Comunicação, na manhã desta segunda-feira (6). Em conversa com o jornalista Marcello D'Ângelo, o presidente falou que caso seja reeleito vai criar três ministérios. 

“Acho positivo o restabelecimento não só desse ministério [da Segurança Pública] como de outros, caso da Indústria e Comércio e da Pesca. Nós pretendemos em havendo uma reeleição dividir melhor os ministérios, criar no máximo mais três, para que possamos melhor administrar nosso país. Pela extensão do Brasil se justifica fazer isso aí”.

Durante a entrevista ele ainda falou sobre os desafios e oportunidades do agro, demarcação de terras indígenas, Ferrogrão, a safra deste ano, eleições 2022, Petrobras, entre outros assuntos. 

Eleições 2022

Ao ser questionado de como está se preparando para as eleições deste ano, Bolsonaro disse que quer transparência. “O grande problema que tem pela frente é a desconfiança do processo eleitoral. Não sou eu quem falo isso. É grande parte da população e documentos oficiais do TSE. Eu quero transparência, quero eleições limpas, voto auditável, o que o TSE está nos negando”, afirmou.

Debates

Em relação aos debates eleitorais não confirmou se deve comparecer. “Quero deixar em aberto [a participação]. Vou esperar acontecer em haver um 2º turno”, disse. "No meu tempo ganhava a eleição quem tinha voto. Agora parece, é um direito meu desconfiar, não ganhe eleições quem tem amigo dentro TSE”, disse.  

O presidente Bolsonaro falou também durante a entrevista ao canal AgroMais sobre os investimentos e as medidas que o governo federal fez para ajudar a movimentar a economia. 

“Havendo uma reeleição nada deverá ser mudado. Alguns devem querer sair, os que estão comigo estão por quererem servir o Brasil. Tudo o nós que fizemos antes e durante a pandemia nos coloca em uma situação privilegiada”, finalizou.  

Preço dos combustíveis e papel da Petrobras 

“Uma série de fatores que leva a esse preço alto do combustível e todos são importantes. O governo Lula começou a fazer três refinarias e não concluiu nenhuma e hoje você necessita importar o que faz o preço aumentar. Outro fator é que a Petrobras tem uma ganância enorme. Ela tem aumentado a margem de lucro por conta das crises”, afirmou. 

“Eu não tenho participação no aumento de combustível. Por mim não aumentaria, porque o lucro já é exagerado por parte da Petrobras”, disse.

O presidente ainda falou sobre o ICMS: “Os governadores poderiam colaborar nesse momento de crise. Em 2020 pelo menos 17 estados, como perderam a arrecadação, aumentaram o ICMS e depois quando voltou a normalidade não diminuiu o percentual do ICMS. Quero resolver isso nos próximos dias. Essa semana teremos boa notícias em relação a isso”, falou.

Privatização

“Uma privatização da Petrobras é muito difícil. Correndo tudo certo demoraria uns quatro anos e tem que modular. Não pode simplesmente quem pagar mais vai levar. Hoje em dia, ter um monopólio estatal aqui dentro e ter outro monopólio privado fora", disse. 

Importância do agro

“O papel importante do agro, foi pela nossa economia, divisas e segurança alimentar do Brasil e uma parte considerável do mundo. Não foi fácil enfrentar uma pandemia, onde havia um claro objetivo de alguns governadores me tirar daqui pela economia. Conseguimos vencer esses obstáculos. O agro esteve à frente dessa vitória para todos nós brasileiros. Um momento difícil, ainda vivemos alguma dificuldade, com uma guerra. Com a possibilidade de o mundo poder voltar a passar fome", disse. 

Fertilizantes

"Descobrimos também que não podemos ficar dependentes de outros países para insumos como fertilizantes. Fui a Rússia negociar e os fertilizantes estão garantidos até praticamente meados do ano que vem. Essa questão de nós não buscarmos explorar esse mineral, em reservas em terras indígenas, está equivocado. Porque sem o agro nós perdemos divisa e nossa segurança alimentar e você não consegue explorar essas coisas de um ano para outro. Agro foi fantástico e merece nosso respeito pelo que fizeram antes, durante e após a pandemia", afirmou o presidente.

Terras indígenas

Sobre demarcação de terras indígenas o presidente falou: “Hoje em dia só de terra indígena, nós temos 14% do nosso território demarcado. É impossível cumprir o novo marco temporal. Eu não demarquei terra indígena, não demarquei quilombola, nada. Já temos hoje em dia 2/3 do nosso território inviabilizado para qualquer atividade”.

Ferrogrão 

“É uma ferrovia que liga Sinop (MT) a Miritituba (PA) mais de 900 km de extensão. Ela desafoga o levar o que produzimos no Centro-Oeste para fora do Brasil via Tapajós. É uma ferrovia de extremamente importante para nós. Grande parte do que se produz no Centro-Oeste vai escoar por ela. A gente espera que o Supremo decida favoravelmente a continuidade da execução da Ferrogrão, que vai levar no mínimo cinco anos para ser concluída", afirmou. 

BR 158

“Temos uma rodovia federal que é asfaltada, exceto em um trecho de 110 km dentro de uma reserva indígena, no Mato Grosso. Em metade do ano não tem como transitar nessa rodovia tendo em vista as chuvas. Começou a fazer agora um contorno de 190 km, mais 80 km. A cada viagem 160 km, ou seja, 80 litros a mais por viagem. Passa nessa rodovia dois mil bitrens a cada safra. Olha o tamanho do prejuízo em não pode asfaltar o trecho de 110km. São os problemas criados lá atrás que temos que buscar alternativas para solucioná-los", afirmou.

Safra recorde

“Em relação ao ano passado o Brasil investiu e disponibilizou mais 22% no Plano Safra. A Caixa Econômica Federal está disponibilizando recursos para irrigação, para cilos, que é extremamente importante que evita o agricultor a vender o produto na baixa e para reserva de mantimentos, também para compra de tratores, caminhões, correção de solo e também investindo na agricultura familiar. O Brasil tem um potencial enorme para avançar, sem desmatar absolutamente nada. Estamos cada vez mais estimulando os indígenas a plantarem em suas áreas”, disse.

Arma de fogo

“Obviamente o homem do campo ao ter a liberdade de comprar sua arma e a sua posse passar a valer em todo perímetro da sua propriedade também é um fator de inibição”, falou durante a entrevista. 

IBAMA

“Tem que multar tem, mas não de forma como era feito, de forma industrial. Caiu em torno de 80%. Multar só se for estritamente necessário”, disse.

Invasões de propriedades de terras

“Nós tiramos a força do MST. Eles eram usados por suas lideranças para invadir terras e para tumultuar o governo. No governo FHC tínhamos por ano 300 invasões, no Lula caiu 250, Dilma 160, Temer 27 e no nosso governo quatro. Ninguém ouve mais falar em invasão de terra. A titulação de terra, o armamento e retirar o dinheiro de ONG, de modo que perderam a força dessas pessoas que eram usadas politicamente pelo MST para tumultuar o agronegócio brasileiro”, afirmou.

Encontro com Elon Musk

“Foi aproximadamente duas horas e meia que ele esteve conosco. Ele gostaria de levar internet para toda região Amazônica. Hoje nós trabalhamos nesse sentido lá temos um wifi que se faz presente em quase todas as escolas da região, mas uma internet de qualidade por satélite é muito bem-vinda para nós”, contou.

“Ele está de olho também naquilo que precisa para produção, em escala industrial, dos veículos movidos a energia elétrica. Em Campinas (SP), tem a bateria de nióbio. Estão estudando ela ser aperfeiçoada com grafeno. A bateria de nióbio com grafeno poderia recarregar o carro em poucos minutos”, disse.