O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) afirmou nesta quinta-feira (25) que é contra a realização de festas de Carnaval no Brasil em 2022. Em entrevista à Rádio Sociedade da Bahia, o chefe do Executivo ainda criticou a possibilidade de novos lockdowns no país como medida de combate à pandemia da Covid-19.
“Olha, por mim não teria carnaval. Só que tem um detalhe: quem decide não sou eu. Segundo o Supremo Tribunal Federal quem decide são os governadores e prefeitos. Então não queira aprofundar nessa que poderia ser uma nova polêmica”, afirmou.
Em abril de 2020, o STF afirmou que a União pode legislar sobre a pandemia, mas reconheceu a autonomia de estados e municípios. Desta forma, o Executivo nacional pode definir por decreto a essencialidade de serviços públicos, permitindo a outras esferas a adoção de medidas mais rígidas – sem que a Presidência da República possa revertê-las ou invalidá-las.
“Em fevereiro no ano passado, ainda estava engatinhando a questão da pandemia, né? Pouco se sabia, praticamente não tinha óbito no Brasil, e eu declarei emergência. E os governadores e prefeitos ignoraram, fizeram Carnaval no Brasil. As consequências vieram. Chegamos a 600 mil óbitos e alguns tentaram imputar a mim essa responsabilidade. Não tenho culpa disso. Não estou me esquivando, nem apontando outras pessoas. E uma realidade, é uma verdade”, completou.
Desde o início da pandemia, o Brasil viveu duas grandes ondas de contágios, com picos em julho de 2020 e abril de 2021. Para Bolsonaro, a possibilidade de repetir fechamentos de comércio no Brasil em caso de uma nova onda pode ter efeitos graves na economia.
“Tínhamos dois problemas: o vírus e o desemprego. Devemos tratar os dois de forma simultânea e com a mesma responsabilidade. Bateram muito em mim. Estou vendo que alguns países da Europa, sim, estão retomando medidas de lockdown. Se tiver outro outros lockdowns pelo Brasil aqui, em estados e municípios, vão quebrar a economia de vez em nosso país. Essa é a nossa preocupação.”
O presidente ainda pontou o perigo do novo coronavírus “para quem tem comorbidade, para quem é muito obeso e para os mais idosos”. E voltou a defender a imunidade dos que já foram contaminados como sendo superior à dos vacinados, além de adotar novamente um discurso favorável a medicamentos cuja eficácia contra a Covid-19 já foi descartada, como a hidroxicloroquina e a azitromicina – nenhuma foi nominalmente citada.
“A vacina deve ter uma validade – eu é que não vou falar com essa validade porque eu não tenho nenhum dado científico nesse sentido. O que a gente vê que, em média, seis meses depois que a pessoa tomar a vacina, ela não tem mais imunidade. Já quem foi contaminado tem essa imunidade por muito, muito mais tempo, e isso está comprovado. É o meu caso: eu contraí o vírus em meados do ano passado. Tomei... Não posso falar o nome do medicamento aqui porque senão cai o sinal da sua rádio. Tome aquele remédio para combater a malária, também tomei aquele que é para combater piolho e me dei bem, safei. E olha que eu estou no grupo de risco, estou com 66 anos de idade”, disse.
“Então nós temos que enfrentar esse problema. Lamentamos as mortes, lamento muito as mortes, mas temos de enfrentar o problema. Se nós aqui acabarmos, dermos um golpe mortal na economia, mortes outras virão por outras causas, como desnutrição, como por exemplo ali também por pavor”, completou.