O presidente Jair Bolsonaro disse a apoiadores que quer fazer uma live com hackers para comprovar que as urnas eletrônicas não são seguras. O TSE já explicou que os equipamentos não têm conexão online e por esse motivo não podem ser invadidos.
"Já fizemos contato com as pessoas que entendem do assunto, são hackers né, para fazer uma demonstração pública. Lógico que a televisão não vai mostrar, mas eu vou fazer uma live", afirmou o presidente.
Ontem Bolsonaro disse que há três ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) articulando para impedir a aprovação do voto impresso. O tema está sendo discutido em uma comissão da Câmara, com relatoria do deputado Filipe Barros (PSL-PR), e deve ser votado na semana que vem. Para sair do papel, a proposta precisa ser aprovada em duas votações no plenário da Câmara e mais duas no Senado até outubro.
Hoje o presidente fez críticas diretas ao presidente do TSE, ministro Luís Roberto Barroso, que tem afirmado que as urnas são facilmente auditáveis e que a adoção do voto impresso poderia gerar fraudes.
"Eu não entendo o ministro Barroso ser um ferrenho opositor ao voto auditável. Nós queremos transparência. Agora, eu não sei o que ele tem na cabeça, se ele é refém de alguém para estar nessa campanha, interferindo dentro do parlamento, reunindo com lideranças e falando os seus argumentos contra o voto auditável", disse Bolsonaro.
Por ser o atual presidente do TSE, Barroso tem participado das discussões sobre o voto impresso na Câmara. No último fim de semana, 11 partidos de diversos campos ideológicos se uniram contra a aprovação do projeto.
Presidente segue sem apresentar provas de fraude
O corregedor-geral da Justiça Eleitoral, ministro Luis Felipe Salomão, deu prazo de 15 dias para que qualquer autoridade pública que tenha relatado a ocorrência de fraudes no processo eleitoral brasileiro apresente provas que sustentem as alegações. Dentre os citados na decisão, está Bolsonaro, que frequentemente afirma ter havido irregularidades nas eleições de 2018 (que o elegeu), uma vez que, segundo ele, sua vitória teria ocorrido ainda no primeiro turno.
"Eu não tenho obrigação de apresentar prova para ninguém. Apresento se eu quiser", afirmou o presidente a seus apoiadores nesta sexta.
Em janeiro, quando a invasão ao Congresso dos EUA deixou cinco mortos, Bolsonaro disse que algo parecido poderia acontecer no Brasil. Hoje, ele voltou a fazer ameaças caso não seja adotado o voto impresso.
"Eu tenho falado, se não passar, ele (Barroso) vai ter que inventar uma forma de tornar transparente as apurações, se não, vão ter problemas o ano que vem", afirmou.
O TSE é contra a mudança. Além do custo - R$ 2 bilhões em 10 anos -, a avaliação é a de que o voto impresso poderia gerar insegurança ao processo eleitoral, abrindo espaço para inúmeros pedidos de recontagem de votos.
“A história do Brasil com voto de papel desde o império foi a história das fraudes eleitorais. E com o voto eletrônico, nós conseguimos eliminar essas fraudes”, garantiu Barroso.