Bolsonaro diz que troca de comando na Petrobras é “coisa de rotina”

Ex-presidente da estatal diz que postura "fez com que o mercado perdesse a confiança”

Narley Resende

Bolsonaro evita falar de mudança na Petrobras  Reprodução / Foco do Brasil
Bolsonaro evita falar de mudança na Petrobras
Reprodução / Foco do Brasil

Em conversa com apoiadores na manhã desta terça-feira (29), o presidente Jair Bolsonaro (PL) comentou rapidamente a demissão do presidente da Petrobras, general Joaquim Silva e Luna, e disse que “é coisa de rotina” e que “não tem problema nenhum”. 

Esse é segunda troca na Presidência da estatal em um ano. A mudança teria sido motivada por insatisfação de Bolsonaro sobre as altas nos preços dos combustíveis. O economista e ex-presidente da Petrobras Roberto Castello Branco, o primeiro da gestão Bolsonaro, disse que essa postura “fez com que o mercado perdesse a confiança” no presidente. 

Em entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura, Castello Branco disse, nessa segunda-feira (28), que chegou a ignorar mensagens de Bolsonaro questionando o aumento dos combustíveis durante sua gestão.

Na conversa com os apoiadores nesta terça, Bolsonaro voltou a desconsiderar a política de preços da Petrobras, que, apesar de produtora, tabela os combustíveis com base em preços internacionais. “A gente precisa saber também comparar com outros países, como está a Europa? A energia elétrica subiu lá, a gasolina... Um dos vilões aqui é o ICMS. (...) Sabe quanto é o imposto federal do Diesel? Zero. É o PIS/Cofins, eu fiz minha parte, agora na bomba não baixa. (…) E o pessoal culpa quem? Sempre a mesma pessoa”, disse.

Petrobras 

A substituição do presidente da Petrobrás deve seguir um rito administrativo na empresa e não pode ter interferência direta do Poder Executivo. Ela só terá efeito a partir da confirmação pela Assembleia Geral Ordinária, que ocorrerá em 13 de abril de 2022.

A assembleia dos acionistas da Petrobras deve confirmar a escolha de Adriano Pires para comandar a companhia. O economista, especialista em óleo e gás, e é consultor de empresas privadas do setor. 

Para a colunista de economia da BandNews FM, Juliana Rosa, a mudança não deve trazer alterações na atual política de preços. A expectativa, segundo a jornalista, é que Adriano Pires defenda - como vinha fazendo - a criação de um fundo de estabilização, além de subsídios para os combustíveis: 

“Adriano talvez consiga neste momento fazer algum tipo de suavização de preços, não em um curto prazo, porque esse fundo não é uma coisa que funciona rapidamente. Talvez (ele possa) fazer uma defesa mais enfática de subsídio. A equipe econômica (do governo) é contra usar dinheiro público. O que o ministro Paulo Guedes (da Economia) diz é que não pode financiar gasolina, porque estaria beneficiando uma classe de renda mais alta. O subsídio ao diesel talvez faça algum sentido, o que talvez possa sair com a indicação de Adriano Pires”, avalia. 

O presidente do Flamengo, Rodolfo Landim, deve ser indicado ao cargo de presidente do Conselho de Administração da Petrobras. A informação foi confirmada pela reportagem da TV Band e confirmada pelo governo posteriormente. Os outros integrantes são Sonia Julia Sulzbeck Villalobos, Luiz Henrique Caroli, Ruy Flaks Schneider, Márcio Andrade Weber, Eduardo Karrer e Carlos Eduardo Lessa Brandão.

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