O presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou nesta segunda-feira (30) que lamenta a morte de Genivaldo de Jesus Santos, que foi asfixiado em abordagem de agentes da PRF (Polícia Rodoviária Federal) em Umbaúba, em Sergipe. Genivaldo era esquizofrênico, foi parado por andar de moto sem capacete e morto após ser preso em uma câmara de gás improvisada.
Bolsonaro disse que a Justiça vai ser feita "sem exageros", em declaração durante coletiva de imprensa na Base Aérea de Recife, por onde o presidente passou após sobrevoar áreas afetadas por chuvas no Nordeste.
“Será feito Justiça, né? Todos nós queremos isso daí. Sem exageros. E sem pressão por parte da mídia, que sempre tem um lado: o da bandidagem. Lamentavelmente, vocês sempre tomam as dores do outro lado”, disse, sem deixar claro se a referência a “bandidagem” foi relacionada a Genivaldo.
O presidente comparou a morte de Genivaldo com um caso ocorrido há duas semanas em Fortaleza, quando policiais rodoviários federais abordaram um homem em situação de rua e morreram após um dos agentes ter sua arma de fogo roubada. O homem abordado foi morto por um terceiro policial que passava na região.
“Ao abater esse marginal, vocês [da imprensa] foram para uma linha completamente diferente“, disse Bolsonaro, ao comentar o episódio.
Questionado especificamente sobre a ação da PRF em Sergipe, Bolsonaro disse lamentar o caso como o de Fortaleza, mas que não era questão de “generalizar“.
O ministro da Justiça, Anderson Torres, se limitou a dizer que a PF (Polícia Federal) e a PRF abriram inquéritos, e que a apuração será a mais breve possível. “E, enquanto não houver a finalização desses procedimentos, não há o que se falar“, concluiu.
A PRF afastou os policiais Kleber Nascimento Freitas, Paulo Rodolpho Lima Nascimento e William de Barros Noia. Ao todo, cinco agentes assinam o boletim de ocorrência relacionado à morte de Genivaldo.
Direitos Humanos
A PRF eliminou neste ano a disciplina sobre direitos humanos do curso que forma os novos agentes da corporação. A mudança na grade de formação coincide com a morte de Genivaldo e com a morte dos policiais em Fortaleza.
Embora os policiais envolvidos nas ocorrências citadas não sejam necessariamente formados nas últimas turmas da PRF, a mudança na formação pode representar uma alteração geral nos valores pregados na corporação.
A disciplina de Direitos Humanos e Integridade foi completamente eliminada do currículo deste ano. O texto que descrevia a formação dizia formar a “PRF como promotora de Direitos Humanos; Grupos vulneráveis; Violência contra a mulher; Crime análogo à escravidão, tráfico de pessoas; Abordagem policial a grupos vulneráveis.”