O presidente Biden e o primeiro-ministro Netanyahu concordam que têm divergências. Até agora, elas não eram públicas, embora conhecidas. O silêncio estava sendo mantido em respeito à guerra.
O primeiro grande desentendimento entre os dois foi comentado por Biden numa reunião de arrecadação de fundos em Washington: Netanyahu é o líder do "governo mais conservador da história de Israel", que "não quer uma solução de dois Estados" para resolver o problema com os palestinos.
"Acho que ele precisa mudar", continuou Biden, "e com este governo, que faz com que ele dificilmente mude".
Outro grande desentendimento entre os dois vem dos pedidos da Casa Branca para "proteger a vida dos civis", em Gaza, que não produziu alteração notável na ofensiva israelense contra o Hamas, escudado na população palestina. Biden declarou que Israel estava começando a perder apoio em todo o mundo devido aos "bombardeios indiscriminados".
Biden diz que Israel está perdendo o apoio internacional por essa série de divergências. O problema é que, se mudar, Netanyahu cai, porque os religiosos nacionalistas o abandonarão, deixando-o minoritário no Parlamento.
Voz corrente em Israel é que Netanyahu cairá mesmo com o apoio de sua coligação, quando da conclusão da Comissão que vai investigar como foi possível o Hamas invadir Israel, no 7 de outubro, matando 1.200 pessoas, sem que fosse confrontado a tempo, nem fosse antecipado pelos serviços de inteligência.
"Após o grande sacrifício de nossos civis e soldados, não permitirei a entrada em Gaza daqueles que educam para o terrorismo, apoiam o terrorismo e financiam o terrorismo", disse Netanyahu. "Gaza não será nem Hamastan nem Fatahstan".
O presidente Biden enviou para o Mediterrâneo e o Mar Vermelho dois porta-aviões que seguraram um segundo e amplo front na guerra em Gaza, formado pelo Hezbollah no sul do Líbano, no Irã e no Iêmen, com os Houthis disparando mísseis balísticos. Mandou munições já rareando no arsenal israelense. E vetando resoluções na ONU. Agora tudo indica que começará a cobrar pelas concessões que quer de Israel.
O Ministério da Saúde de Gaza elevou para 18.412 os mortos palestinos, com 50.100 feridos, desde o dia 7 de outubro. Israel teve 105 soldados mortos, 20 deles por fogo amigo, e 1683 feridos, com 263 feridos graves. Na invasão do Hamas, 1.200 pessoas foram mortas, 240 sequestradas, das quais restam 138 reféns nos túneis de Gaza.