Biden coloca em dúvida contagem de mortos palestinos

Autoridades palestinas ligadas ao Hamas afirmam que mais de 6.500 pessoas morreram nos ataques retaliatórios de Israel a Gaza. "Não tenho confiança no número que os palestinos estão divulgando”, diz líder dos EUA

Por Deutsche Welle

Biden coloca em dúvida contagem de mortos palestinos
Biden faz pronunciamento direto da Casa Branca
Reuters

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, disse nesta quarta-feira (25/10) que não acredita nas estimativas de mortos divulgadas por autoridades palestinas na Faixa de Gaza, enclave que é controlado pelo grupo terrorista Hamas desde 2007.

"Não tenho a menor ideia de que os palestinos estão dizendo a verdade sobre o número de mortos... Tenho certeza de que inocentes foram mortos, e esse é o preço de se travar uma guerra... Os israelenses devem ser extremamente cuidadosos para ter certeza de que estão se concentrando em perseguir as pessoas que estão propagando essa guerra contra Israel e é contra seus interesses quando isso não acontece, mas não tenho confiança no número que os palestinos estão divulgando", disse Biden.

Nas últimas semanas, após a ofensiva terrorista lançada pelo grupo Hamas, que opera na Faixa de Gaza, Israel passou a lançar pesados ataques retaliatórios contra alvos no enclave palestino. Autoridades locais de saúde ligadas ao governo comandado pelo Hamas afirmaram nesta quarta que os ataques israelenses já deixaram mais de 6.500 mortos - mais de quatro vezes o número de israelenses massacrados na ofensiva lançada pelos terroristas do Hamas em 7 de outubro.

No entanto, Gaza permanece cercada por Israel e bloqueada para a entrada de jornalistas e observadores, o que tem dificultado a verificação dos números divulgados pelas autoridades locais.

Na semana passada, uma controvérsia envolvendo uma explosão em um hospital na Faixa de Gaza já havia levado o governo dos EUA a colocar em dúvida alegações de palestinos.

Na ocasião, autoridades do enclave acusaram Israel de bombardear um hospital lotado. Pouco depois, autoridades palestinas de saúde ligadas ao Hamas chegaram a estimar que cerca de 500 pessoas haviam morrido no local. Veículos de imprensa rapidamente divulgaram a estimativa, mas logo surgiram dúvidas sobre o episódio, levando alguns sites a trocar a palavra "ataque aéreo" por "explosão" em suas manchetes.

Imagens do local mostraram que os danos se concentraram no estacionamento do hospital, e não no prédio principal ou construções próximas. Também não havia uma cratera no local e fontes independentes afirmaram que não viram restos de fuselagem de algum míssil.

Israel negou ter atacado o hospital, afirmando que análises apontaram que a explosão no local havia sido causada por um foguete defeituoso lançado pelo grupo terrorista Jihad Islâmica, que também opera em Gaza. As alegações israelenses foram endossadas por agências de inteligência dos EUA, Reino Unido e França. Uma fonte sênior de uma agência de inteligência europeia disse acreditar que no máximo 50 pessoas foram mortas no local.

O Hamas rejeitou as alegações de Israel, dizendo que "mentiras ultrajantes não enganam ninguém".

O presidente Joe Biden também endossou pessoalmente as conclusões da inteligência israelense. "Parece que o ataque foi realizado pelo outro lado", disse Biden na semana passada ao viajar a Israel, onde se reuniu com o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu. Mais tarde, o líder americano atribuiu a culpa com mais firmeza, dizendo que, "com base nas informações que vimos até agora, parece ser resultado de um foguete lançado erroneamente por um grupo terrorista em Gaza".

Ao jornal Washington Post, o diretor da ONG Human Rights Watch para Israel e Palestina, Omar Shakir, afirmou que em geral os números do Ministério da Saúde de Gaza são confiáveis. "Todos usam os números do Ministério da Saúde de Gaza porque, em geral, eles são comprovadamente confiáveis. Nas vezes em que fizemos nossa própria verificação dos números de determinados ataques, não tenho conhecimento de nenhuma vez em que tenha havido uma grande discrepância."

Shakir disse ainda que a Human Rights Watch não usaria números fornecidos por partes com "propensão a deturpar informações".

jps (ots)

Tópicos relacionados

Mais notícias

Carregar mais