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'Bento XVI era tímido e foi um grande papa para a Igreja Católica', diz D. Odilo

Cardeal arcebispo de São Paulo disse que papa emérito teve a humildade de renunciar quando sentiu que não podia mais seguir sua missão

Da redação

O cardeal arcebispo de São Paulo, Dom Odilo Scherer, foi nomeado ao cargo em 2007 pelo então Papa Bento XVI. Em entrevista à BandNews, Dom Odilo destacou a importância de Bento XVI para a Igreja Católica, a difícil missão de lidar com problemas internos dentro da igreja e o legado que deixa. Dom Odilo celebrará missa na Catedral da Sé, em São Paulo, às 12h deste sábado (31), em sufrágio ao papa emérito Bento XVI. 

"Bento XVI foi um grande papa. Os julgamentos podem ser muitos. Para a Igreja ele foi um grande papa. Foi um grande teólogo. Quando jovem, com pouco mais de 30 anos, foi chamado a ser perito do Concílio Vaticano Segundo e depois foi um dos mais importantes intérprete na teologia no pós-Concílio. Chamado a Roma, foi trabalhou com o Papa João Paulo II em um serviço difícil que é a congregação para a doutrina da fé.  

Ele foi o braço direito do Papa João Paulo II. Foi escolhido para ser o sucessor dele. Pode-se imaginar a dificuldade da missão de suceder um papa exuberante que arrastava multidões, que tinha jeito de ator quando estava diante das multidões e que se relacionou com meio mundo, viajando e encontrando chefes de estado.

Bento XVI tinha uma personalidade bem diferente, é discreto, tímido, não era é de arrastar multidões, era mais de ir ao essencial. Desde logo se apresentou essa diferença. Muitos por longo tempo queriam ver em Bento XVI a figura de João Paulo II, mas a igreja é assim, cada época tem seu papa.

Bento XVI desempenhou seu papel de papa com a sua forma de ser. Foi um papa teólogo, intelectual, fino nas suas maneiras. Quando se fala com ele ele estava inteiro diante de você. Olhava olho no olho. Falava de maneira mansa e doce. Por outro lado era um papa extremamente sensível, sofria com muitas manifestações que ao longo do pontificado foram se manifestado.

Sofria vendo que na Europa se perde cada vez mais a referência a cultura cristã. Aquilo que se constituiu o eixo unificador da Europa que é o cristianismo. Teve a coragem de enfrentar os problemas morais no clero, em vários países e os problemas administrativos.  

Posso testemunhar o esforço do Papa Bento XVI em exigir transparência nas normas administrativas e financeiras da Santa Sé. Quando alguém pega essas questões sofre as consequências porque vem resistência de todo tipo, por quem se sente prejudicado.

Bento XVI deu exemplo de grande realismo, humildade e desapego. Com o ato de sua renúncia, quando sentiu que não estava em condições de levar adiante a sua missão, renunciou.

Isso causou perplexidade no início passou a ser visto como gesto de coragem, honestidade e desapego.  

Bento XVI viveu serenamente esse tempo depois de ter renunciado, quase dez anos, na humildade, no silêncio e na oração. O Papa Francisco o tratava com enorme respeito. Eram como irmãos. Ele brincava que dSe o Papa é o pai, o papa emérito é o avô e assim o tratava e cuidou dele até o fim."

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