'Beleza real': mulheres quebram padrões na busca da aceitação do corpo

Imagens editadas que escondem características naturais do corpo feminino afetam a saúde mental

Olívia Freitas

As imagens editadas nas redes sociais e na mídia, que escondem características naturais do corpo feminino, podem desencadear insatisfação e afetar a saúde mental das mulheres. Os ‘corpos perfeitos’, que muitas vezes não existem na vida real, fazem com que mulheres se sintam constantemente insatisfeitas com as próprias imagens. 

É o caso da Roberta Camargo, que sente a dificuldade de se amar do jeito que é na pele. Ela, que tem dermatite atópica, tentou esconder manchas permanentes da condição. “Não gosto do jeito que as pessoas olham, não é acolhedor”, afirma. 

Mas a jornalista teve a coragem de falar da dermatite atópica e do próprio corpo ao ver um vídeo da influenciadora Viih Tube. Grávida, a influenciadora mostrou as mudanças no corpo, como estrias, celulite e cicatrizes. Para Roberta, este é um exemplo de como as mulheres devem seguir.  “Temos que abraçar nossas vulnerabilidades e entender que só assim temos energia sendo inspiração para outras pessoas e nos fortalecendo”, afirma. 

Só em uma rede social, o vídeo de Viih Tube teve centenas de comentários de mulheres se sentindo acolhidas pelo relato. 

Internet potencializa corpos irreais, mas campanhas tentam mudar a situação

Atualmente, todos têm um equipamento de manipulação de imagem na palma da mão: o celular. Mas muitas vezes, o que é visto na tela, não é real. E é aí que vem o problema: quem busca a imagem impossível de alcançar, potencializa malefícios para a saúde mental. 

Mas é pela internet que outra onda vem ganhando força: valorizar os corpos reais. A fotógrafa Maria Ribeiro faz ensaios de mulheres e não retoca nenhuma imagem. A meta é mostrá-las como são. 

“A gente via as atrizes, modelos no estúdio, ao vivo e depois as imagens que saiam na TV, na revista, no outdoor e eu falava: ‘não é a mesma pessoa’", diz. E foi refletindo sobre o próprio trabalho que Maria pensou em mudar na carreira. 

"A quantidade de manipulação de imagem, nesta criação dos padrões estéticos que a gente consome enquanto sociedade, é absurda. Eu pensava: 'gente, eu estou participando desta criação deste padrão estético, fazendo milhões de mulheres, incluindo eu na época, se odiarem”, reflete. 

O caminho para a autoaceitação é longo, questiona padrões e flerta com a liberdade de se amar e se aceitar. Pode ser no cabelo, nas manchas da pele da Roberta, nas cicatrizes da Viih Tube ou nas mulheres reais fotografadas pela Maria. 

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