A babá do menino Henry Borel mudou de versão mais uma vez e disse durante a audiência que não sabia de agressões contra o garoto de 4 anos.
No relato, Thayna de Oliveira falou apenas de um episódio de violência. Ela lembrou quando Monique Medeiros, mãe de Henry, teria voltado do salão de belezas e visto o filho machucado depois que o menino ficou por alguns minutos trancado no quarto com Jairinho.
A juíza Elisabeth Machado alertou Thayna algumas vezes, diante das contradições apresentadas pela babá. A defesa de Monique chegou a pedir a prisão dela, mas a magistrada negou. No entanto, a juíza pediu a delegacia responsável pelo inquérito a abertura de um novo procedimento para saber se ela mentiu.
Dez testemunhas de acusação foram ouvidas nesta quarta-feira (6), e novas audiências foram marcadas para os dias 14 e 15 de dezembro. A juíza determinou que as defesas de Jairinho e Monique sejam ouvidas em outra ocasião.
O ex-vereador Jairinho é reu por homicídio triplamente qualificado e tortura, além de coação de testemunhas, pela morte de Henry Borel, de 4 anos, em 8 de março, em seu apartamento na Barra da Tijuca, no Rio. Já a mãe de Henry, Monique, foi denunciada por homicídio, tortura omissiva, falsidade ideológica e coação de testemunha.
“A mamãe não é boa”
O pai de Henry, Leniel Borel, se emocionou durante o depoimento. Ele foi o quarto a depor, já durante a noite da quarta. O engenheiro afirmou que dias antes da morte, o menino contou que não queria voltar ao convívio da mãe e do padrasto.
De acordo com Leniel, no dia da morte, Henry chegou a chorar e vomitar ao voltar para a casa dos dois. Ao tentar acalmá-lo, o garoto respondeu: 'a mamãe não é boa'.
Na ocasião, Monique teria dito que o garoto estava se comportando dessa forma devido a mudança para a nova casa.
A mãe de Henry, Monique Medeiros, acompanhava presencialmente a sessão enquanto o padrasto, o ex-vereador Jairinho, participa por videoconferência em Bangu 8. Durante a fala do ex-marido, Monique se emocionou e chorou.
Leniel afirmou que conversou com Jairinho sobre supostas agressões relatadas pelo menino. O engenheiro disse que foi abordado pelo filho após o réveillon de 2020, em que a criança se queixou sobre um "abraço forte" do ex-vereador, chamado por ele de "tio".
Segundo Leniel, a primeira conversa entre ele e Jairinho ocorreu no momento em que ele devolvia o filho a Monique. De acordo com o pai do menino, o ex-parlamentar teria prometido parar de dar "abraço forte" na criança. Segundo ele, esse episódio causou alerta e partir desse momento, passou a prestar mais atenção em possíveis hematomas no corpo do filho.
Leniel Borel também contou que foi contatado por Monique Medeiros durante a madrugada, enquanto se preparava para pedir um carro de aplicativo para ir trabalhar. Durante o depoimento, o engenheiro disse que Jairinho também falou com ele por telefone, afirmando que Henry estava tendo uma parada respiratória.
No Barra D'Or, Leniel encontrou o filho numa mesa de cirurgia e questionou Jairinho e Monique sobre o que aconteceu. O ex-vereador contou que o menino havia caído. Leniel afirmou que estranhou porquê Jairinho não fez nenhum tipo de manobra para socorrê-lo. O engenheiro soube da morte do filho por volta de 5h30.
Segundo Leniel, a primeira pessoa a chegar no local depois da morte foi o pai de Jairinho, o ex-deputado Coronel Jairo. Ainda durante a audiência, Leniel disse que se reuniu com as médicas que atenderam Henry. As profissionais teriam dito a ele que a criança já chegou morta à unidade.
Após a morte de Henry, Leniel Borel disse ter ouvido de Jairinho, ainda no hospital, que a vida devia seguir e que ele "poderia fazer outro filho". O engenheiro contou que, revoltado, foi confortado na ocasião por um amigo da igreja que estava no local.