O presidente da CPI da Pandemia, senador Omar Aziz (PSD-AM) decretou a prisão de Roberto Ferreira Dias, ex-diretor do Departamento de Logística do Ministério da Saúde por mentir em seu depoimento. "Ele está preso por mentir em perjúrio", afirmou Aziz ao encerrar a sessão.
Como diretor de logística do Ministério da Saúde, Roberto Dias tinha a competência de comprar insumos e vacinas. Ele foi citado nas denúncias de irregularidades na compra das vacinas AstraZeneca e Covaxin. Dias foi escoltado por policiais legislativos sem algemas, acompanhado de sua advogada.
“Ele está mentido desde manhã, dei chances para ele o tempo todo, pedi várias vezes. Os áudios do Dominguetti são claros. Ele vai sempre arranjar uma desculpa. Ele não quis dizer o porquê foi tirado do cargo, o porquê tentaram tirá-lo da primeira vez, o porquê trocaram dois assessores diretos seus. Sempre se recusando a responder. Aqui o senhor fez um juramento. Então, estou pedindo: chame a polícia do Senado, o senhor está detido pela presidência da CPI”, disse Aziz.
Vídeo: Imagens da prisão de Roberto Dias
A defesa de Dias chegou a questionar se o ex-diretor estaria na posição de testemunha ou de investigado a partir da voz de prisão --no segundo caso, ele seria orientado a permanecer em silêncio. Senadores tentaram fazer mais perguntas, mas o ex-diretor não respondeu.
Após a voz de prisão, a pedido do vice-presidente da CPI, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), e da defesa de Dias, passaram a ser veiculados áudios de Dominguetti em posse da CPI.
Aziz manteve a voz de prisão, apesar dos protestos de Marcos Rogério (DEM-RO) e dos apelos de Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE). Para Alessandro Vieira (Cidadania-SE) e Simone Tebet (MDB-MS), o ex-funcionário do Ministério da Saúde devia ser acareado com o ex-secretário-executivo Elcio Franco, envolvido nas denúncias.
A prisão foi apoiada por Fabiano Contarato (Rede-ES), Rogério Carvalho (PT-SE) e pelo relator, Renan Calheiros (MDB-AL).
Vídeo: Confusão marca a CPI após a voz de prisão de Roberto Dias
Senadores de oposição criticaram a voz de prisão, justificando que outros depoentes também mentiram diante da CPI e não foram presos. Governistas consideraram a decisão de Aziz ilegal e tentaram reverter a medida, sem sucesso.
No Twitter, mais tarde, Aziz defendeu a decisão. “Prender alguém não é uma decisão fácil. Mas, não aceito que a CPI vire chacota. Temos mais de 527 mil mortos nesta pandemia. E gente fazendo negociata com vacina. A Comissão busca fazer justiça pelo Brasil”, registrou.
O ponto mais polêmico do depoimento foi a explicação do contato com Dominguetti. Dias afirmou que estava tomando um chopp em um restaurante de Brasília quando apareceu uma pessoa que ele não conhecia vendendo vacinas.
O ex-diretor do Departamento de Logística do Ministério da Saúde, negou ter pedido propina pela compra de vacinas contra a Covid-19 e chamou o vendedor e policial que representa a empresa Davati, de “aventureiro e ”picareta".
Roberto Dias afirmou que Dominguetti foi apresentado por Marcelo Blanco, que atuava no Ministério da Saúde. Uma reunião foi marcada para o dia seguinte, mas o cabo da PM não apresentou documentos que o colocariam como representante da vacina. Mas áudios do celular de Dominguetti, periciados pela CPI e revelados no final da sessão, mostram que as tratativas continuaram.
Forças Armadas publicam nota de repúdio contra Aziz; assista