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8 de janeiro é consequência do discurso de ódio e da desinformação, diz Barroso

Presidente do Supremo Tribunal Federal discursou em ato que marca um ano dos atos antidemocráticos de 8 de janeiro

Por Karina Crisanto

O Supremo Tribunal Federal (STF) realizou nesta segunda-feira (8) um ato que marca um ano dos atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023 que vandalizaram e depredaram as sedes dos Três Poderes, em Brasília. 

Além do presidente da Suprema Corte, Luis Roberto Barroso,  estão presentes na cerimônia os ministros Edson Fachin, Alexandre de Moraes, Cristiano Zanin e Gilmar Mendes, e os ministros aposentados Ricardo Lewandowski e Rosa Weber, além de outros representantes do judiciário e parlamentares. 

“Na vida brasileira, já conhecemos o ‘caminho maldito’ da ditadura, na expressão de Ulysses Guimarães. E no 8 de janeiro constatamos as consequências dramáticas da incivilidade, dos discursos de ódio e da desinformação. Hora de fazer diferente e retomarmos os ideais iluministas e civilizatórios da Constituição de 1988”, destacou Barroso. 

“Estamos aqui para manter viva a memória desse episódio que remete ao país que não queremos. O país da intolerância, o país do desrespeito ao resultado eleitoral, da violência contra as instituições, um país que não parece com o Brasil”, destacou o presidente Barroso. 

Durante o discurso, o presidente do STF contou o relato de um policial que atua na Suprema Corte, que após jogar objetivos, marretadas em paredes e atear fogo em tapetes, eles se ajoelhavam no chão e rezavam fervorosamente. “Onde, Deus do céu, se pode imaginar essa implausível mistura de ódio e religiosidade, incapaz de distinguir o bem do mal. Nenhuma gota de apreço ao próximo, como pregam as escrituras”, contou. 

“Falsos patriotas que não respeitam os símbolos da Pátria. Falsos religiosos que não cultivam o bem, a paz e o amor. Desmoralizaram Deus e a bandeira nacional. O que assistimos aqui foi a mais profunda e desoladora derrota do espírito”, destacou. 

Luis Roberto Barroso lembra que todos os envolvidos identificados como suspeitos de participarem dos atos antidemocráticos estão sendo processados, na forma da lei, pelos crimes de tentativa de golpe de Estado, de abolição violenta do Estado democrático de direito e a depredação do patrimônio público, entre outros. 

“A resposta do Tribunal não veio com palavras, mas com ação. Em meio a toda a destruição, sobressaiu a face amorosa do dedicado trabalho de dezenas de servidores e colaboradores na reconstrução não apenas do Plenário, mas de todo o edifício-sede”, pontuou Barroso. 

Para o presidente da Suprema Corte, a história deixará documentado que, no dia 1º de fevereiro, foi realizada regularmente a sessão solene de abertura do Ano Judiciário e, como gesto simbólico de reafirmação da justiça, pessoas abraçaram o prédio do Supremo Tribunal Federal. 

Barroso destaca que um aspecto que considera triste do episódio, foi a vandalização do acervo histórico e artístico da Corte, e pontuou que um meticuloso processo de restauração de todo o acervo está sendo realizado, porém, há peças que não são possíveis de serem restauradas. 

“Como forma de documentar e proporcionar a reflexão sobre a gravidade do atentado, o STF criou pontos de memórias com as marcas da violência, inclusive com peças que não puderam ser restauradas. (...) Na exposição “Reconstrução, Memória e Democracia” alguns desses momentos de destruição e reconstrução são revividos”, disse. 

Pacificação 

Em parte do discurso dedicado à pacificação, Luis Roberto Barroso declarou que quem pensa diferente nele, não considera inimigo, mas “parceiro na construção de uma sociedade aberta, plural e democrática”. 

Para ele, a verdade não tem dono. “Existem patriotas autênticos com diferentes visões de país. Ninguém tem o monopólio do amor ao Brasil”, reforça. 

“Precisamos viver a verdadeira pacificação da sociedade, em que pessoas que pensam de maneira diferente possam se sentar à mesma mesa e conversarem, com respeito e consideração, sem ofensas ou desqualificações. Em busca das melhores soluções para um país melhor e maior. O Brasil merece”, finalizou. 

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