O presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou, nesta quarta, 09, a fazer um discurso em que indicou a ser favorável à privatização da Petrobras. Em viagem ao Rio Grande do Norte, ele disse que quer ficar livre a empresa e que a culpa dos altos preços dos combustíveis é dos governadores, devido aos impostos estaduais.
“Vamos olhar para a Petrobras, que o pessoal reclama do preço do combustível. Procure saber quanto a governadora [Fátima Bezerra, RN] cobra de ICMS aqui. Eu não tenho o poder de chegar à Petrobras e falar para congelar ou diminuir o preço do combustível agora. Não tenho esse poder. Até gostaria de ficar livre da Petrobras, que me acusam de uma coisa que não tenho responsabilidade”, disparou o presidente.
Em outro momento do discurso, Bolsonaro voltou a culpar os impostos estaduais pela alta de preços dos combustíveis. O presidente também alfinetou a proposta dos governadores que congela o ICMS, imposto sobre bens e serviços, até o dia 31 de março.
“Alguns vão querer dizer que o percentual não variou. Só que eles cobram esse percentual no preço final da bomba. Vocês sabiam que, há cinco, seis semanas consecutivas, o preço do álcool tem caído? E que, na ponta da linha, na bomba, não diminui? A culpa é do dono do posto? Não. É dos governadores porque eles cobram imposto não com base do etanol na usina, mas na bomba”, disse Bolsonaro.
Não é de hoje que Bolsonaro fala em privatizar a Petrobras. Em outubro do ano passado, por exemplo, o presidente disse que debateria o tema com a equipe econômica do governo. Na época, o preço do gás de cozinha estava no centro das discussões, pois o botijão já era encontrado por cerca de R$ 100 em alguns locais.
O próprio ministro Paulo Guedes (Economia) destacou o interesse em privatizar a estatal, porém a iniciativa enfrenta resistência no Congresso Nacional. A companhia é uma das maiores empresas brasileiras e recolhe vultuosas quantias de impostos e royalties.
Na época, o deputado Arthur Lira, presidente da Câmara Federal, criticou o monopólio da Petrobras em relação ao gás de cozinha e cobrou investimentos para que a população não sofra com a escalada de preços.
Apesar do discurso de Bolsonaro, o sucesso de vingar um projeto de privatização da Peterobras, neste ano, é visto como improvável por especialistas.
Bolsonaro diz que não errou na pandemia
Ainda no Rio Grande do Norte, Bolsonaro defendeu a atuação do governo no combate à covid-19. Disse, ainda, que comprou todas as vacinas aplicadas no Brasil e que não errou no tratamento da pandemia.
“A política do ‘fique em casa’, lockdown, toque de recolher foi desumana, tanto que, hoje, muita gente, institutos e a própria OMS reconhece que foi ineficaz e não ajudou a evitar mortes. Pelo contrário, levou muita gente para a depressão, desemprego. Destruiu muitos empregos. Eu não errei nenhuma durante a pandemia. Fui atacado covardemente o tempo todo, mas a decisão de conduzir a pandemia, segundo decisão do Supremo Tribunal Federal, foi para governadores e prefeitos”, pontuou.
Na verdade, a decisão citada por Bolsonaro estabelece que a competência para medidas de controle da pandemia é concorrente entre União, estados e municípios.