Nas últimas semanas, apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) começaram a se movimentar com um objetivo: as manifestações marcadas para 7 de setembro em todo o Brasil.
Os eventos no feriado tinham, oficialmente, intenção de mobilizar o apoio a Bolsonaro. Do lado da oposição, a movimentação foi encarada desde o início com preocupação, especialmente a partir do momento em que policiais militares passaram a se posicionar favoráveis ao presidente da República.
A agenda do 7 de Setembro ocorre ao mesmo tempo em que o governo Bolsonaro se vê engolido por diversas crises. Mesmo com o apoio de uma base sólida, o chefe do Executivo encara uma pressão cada vez maior frente em diversas frentes.
Entenda as sete crises que envolvem Bolsonaro neste 7 de setembro (clique em cada uma delas para saber mais):
- PIB, inflação e desemprego acendem alerta para recuperação da economia
- Com 580 mil mortos e cortes de verbas para vacina, Brasil coloca fim da pandemia em risco
- Disputa entre poderes está no centro dos atos apoiados por Bolsonaro no 7 de Setembro
- Crise hídrica impacta na natureza, na geração de energia e no bolso do consumidor
- Gastos sob sigilo, "rachadinhas" e ofensas: as polêmicas de Bolsonaro e sua família
- Brasil corre para abandonar imagem de ameaça sanitária, ambiental e política
Vídeo: No 7 de setembro, Bolsonaro discursa em tom de ameaça em ato em Brasília
A queda do PIB, aliada à inflação, ao desemprego e à instabilidade política, faz com que a recuperação projetada para o pós-pandemia perca fôlego –e as previsões para o futuro não sejam tão animadoras assim.
Economistas são unânimes ao afirmar que economia e política nunca andam separadas. Mas o clima de conflito crescente entre o governo Bolsonaro e as instituições, assim como as ameaças feitas pelo presidente às eleições de 2022, aumentam a percepção de risco dos investidores.
Sem o número suficiente de vacinas, com a resistência ao uso de máscaras de proteção e desrespeito ao distanciamento social, índices de casos e mortes --que estão caindo-- podem voltar a crescer.
E o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que ainda não se vacinou, segue atacando medidas de prevenção ao coronavírus, provocando aglomerações e defendendo tratamentos precoces ineficazes.
Na última semana, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) aproveitou suas aparições públicas para incitar manifestantes a participarem de atos contra o STF (Supremo Tribunal Federal) e o TSE (Tribunal Superior Eleitoral), ameaçando “jogar fora das quatro linhas da Constituição” se achar necessário.
E, apesar de uma aproximação de Bolsonaro com partidos do Centrão e até uma possível fusão de partidos para garantir governabilidade, o governo sofreu várias derrotas recentes em votações na Câmara Federal: caso do voto impresso e no "distritão".
A tensão entre os três Poderes, também agravada pelos atos de 7 de setembro, é outro fator que preocupa os governos locais. Sendo assim, o Fórum Nacional de Governadores decidiu solicitar uma reunião com o presidente para acalmar os ânimos. Entretanto, até hoje, não houve resposta. A disputa com os governadores não é recente, e envolve a condução da pandemia e até mesmo o preço da gasolina.
O impacto ambiental afetou a situação hídrica de agosto, provocando crise nos reservatórios do Brasil. Sem água, as hidrelétricas trabalham menos. A situação gerou um cenário de instabilidade e tornou iminente a possibilidade de falta de energia elétrica no segundo semestre.
Além das atitudes consideradas controversas politicamente pelos seus opositores, a chama do caldeirão de polêmicas do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) é alimentada pelo noticiário que envolve a sua família, principalmente os quatro filhos e pessoas que convivem em seu entorno.
As denúncias envolvendo o presidente e sua família têm colaborado para derrubar a aprovação à gestão do Planalto, que chegou ao menor índice (27%) desde que a pesquisa feita pelo PoderData começou a ouvir eleitores em seus levantamentos.
Apesar de o atual ministro de Relações Exteriores, Carlos Alberto França, estar empenhado em apagar os incêndios da política externa brasileira e reparar a deterioração da imagem do país no mundo, os danos causados pelo ex-chanceler Ernesto Araújo ainda estão distantes de serem contornados.
Em seus seis meses no cargo, França deu estabilidade ao Itamaraty, mas o país ainda é visto não só como uma espécie de pária, mas também como uma ameaça sanitária, ambiental e política, justamente por causa da instabilidade provocada pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido), ao ameaçar as instituições, afugentando investidores.