Arquivos sobre morte de Kennedy mostram temor dos EUA com 'revolução comunista no Brasil'

Documentos liberados pela CIA apontam que conselheiros do presidente defenderam ideia de golpe militar ao invés de governo de João Goulart

Da redação

Arquivos sobre morte de Kennedy mostram temor dos EUA com 'revolução comunista no Brasil'
Jonh F. Kennedy, presidente dos Estados Unidos
Reprodução/Wikimedia Commons

Em meio aos 2 mil documentos secretos sobre a morte do presidente dos Estados Unidos, John F. Kennedy, o Brasil é citado em um conjunto de memorandos e relatórios. Os documentos foram liberados pela Agência Central de Inteligência Americana, a CIA, na terça-feira (18). 

Kennedy foi morto em 22 de novembro de 1963, mas os documentos datam de antes disso. Um dos documentos, de agosto de 1961, cita não só o Brasil, mas também o então governador do Rio Grande do Sul, Leonel Brizola e o temor de uma 'revolução comunista no Brasil'. 

O documento afirma que Mao Tsé-Tung, líder do Partido Comunista da China e Fidel Castro, líder de Cuba, teriam oferecido materiais, suporte e voluntários para o então governador. Brizola, por usa vez, queria garantir a sucessão de João Goulart na presidência da República após a renúncia de Jânio Quadros e não aceitou a ajuda dos líderes, mas apreciou o apoio moral. 

O relatório afirma que Brizola "não desejava levar para o exterior a crise política no Brasil". No documento, há um comentário de que Brizola teria medo de uma intervenção dos Estados Unidos caso aceitasse a ajuda. Apesar dos esforços, João Goulart foi deposto três anos depois, em 1964, no golpe militar. 

Conselheiros de Kennedy defendiam golpe militar no Brasil

Em outro documento, datado de um ano antes do início da ditadura militar no Brasil, conselheiros do presidente Kennedy defendiam um golpe na presidência da República. 

No relatório, o consultor de inteligência estrangeira do governo americano, Robert Murphy, estaria preocupado com a situação do Brasil e que para conselheiros era difícil entender o porquê o Departamento de Estado continuava a prover assistência econômica mesmo após João Goulart se recusou a 'limpar a casa que estava cheia de comunistas'. 

Murphy e outros conselheiros queriam saber como andava o contato da CIA com lideranças militares que eram oposição a Jango. "Eles pareciam considerar que um golpe militar poderia ser preferível a permitir que um país tão grande e poderoso como o Brasil caísse nas mãos da oposição", escreveu Richard Helms, então vice-diretor da CIA. 

João Goulart enfrentou forte resistência desde que assumiu a presidência da República em agosto de 1961. Ele foi presidente até 31 de março de 1964, quando foi derrubado pelo Golpe Militar, que perdurou até 15 de março de 1985. 

Tópicos relacionados

Mais notícias