Argentina se mostra mais eficiente que Brasil no combate à Covid-19

Analista diz que uma das características do país vizinho que pode ter feito diferença foi a união entre líderes de diferentes partidos na tomada de decisão nas medidas ao enfrentamento

Da Redação, com Rádio Bandeirantes

Argentina se mostra mais eficiente que Brasil no combate a Covid-19
DINO CALVO/MYPHOTO PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO

Se em terras brasileiras, os números já ultrapassaram a barreira das 11 mil mortes e dos 100 mil casos; mais ao sul do continente, a situação é controlada na Argentina. Com uma população semelhante a de São Paulo, 44 milhões de habitantes, o país vizinho tem números 12 vezes menos letais que no estado. As informações são do repórter Lucas Herrero, da Rádio Bandeirantes.

Cerca de seis mil pessoas contraíram o coronavírus, apenas 300 morreram e o sistema de saúde está longe de colapsar. Fruto de medidas tomadas anteriormente pelo governo do presidente Alberto Fernández.

Segundo o analista político Patrício Giusto, chamou atenção a unidade entre os líderes partidários, algo nunca visto desde a independência do país há 204 anos. “O governo argentino implementou a quarentena muito cedo e contou com o consenso dos 24 governadores. Uma coisa muito positiva e inesperada, porem o sentimento de “unidade” é momentâneo”, disse Giusto.     

A "quarentena total" foi iniciada em 20 de março, ou seja, há 53 dias, e prorrogada na última sexta-feira, 08, (pela quarta vez), agora até 24 de maio na capital Buenos Aires e na região metropolitana. Cerca de 86% dos casos estão concentrados nesse conjunto de distritos que abriga 14 milhões de pessoas.

A brasileira Maristela Aiko, que vive justamente na principal cidade do país conta que a união política serviu inclusive para manter as pessoas em casa. “As pessoas pensam ‘até os partidos opositores estão se alinhando’ é porque é sério. Só funciona se todo mundo fizer. O governo fez uma propaganda muito forte com artistas e inclusive com o Messi pedindo para que as pessoas ficassem em casa. Além da polícia que multa e até prende as pessoas que estão na rua”, contou.  

O presidente Alberto Fernández, pressionado pelo aspecto econômico, deu aval para a abertura progressiva de atividades na maior parte do país, deixando a decisão final para governadores e prefeitos.

Ainda de acordo com o analista político, o chefe do executivo chegou a citar que preferia 10% de pobres a 100 mil mortos, mas a situação está próxima de se tornar insustentável.

"As contas públicas estão sufocadas e o país está quebrado. A emissão de moedas resultará numa escalada inflacionária. Alguns analistas projetam que a Argentina poderia cair numa hiperinflação, como aconteceu na crise de 1989", afirma Giusto.

Soma-se a essa conta a regulação de preços dos produtos feita pelo governo, além dos subsídios aos mais pobres e às pequenas e médias empresas.

Maristela, que é professora e faz mestrado na Universidade de Buenos Aires, disse que só pode sair se for para o mercado, para a farmácia ou para passear com o cachorro, sempre de máscara. Segundo ela, a situação no Brasil tem merecido amplo destaque na imprensa argentina.

“Imprensa aqui é muito crítica em relação ao Brasil. No início mostravam como havia muitos discursos desencontrados e agora mostram os números e dados e a diferença na curva entre os dois países”, disse.

O medo do governo argentino é tão grande com o que acontece aqui no Brasil que somente o trânsito de caminhões de carga é permitido com uma forte fiscalização na fronteira.

Apesar do presidente Alberto Fernandez ressaltar o fato da Argentina estar melhor que o Brasil; na última semana houve um aumento considerável de casos nas chamadas "villas de emergencia", que são as favelas argentinas.

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