Após repercussão, polícia inclui injúria racial em caso de agressão a músico

Odivaldo Carlos da Silva, de 55 anos, foi espancado com cassetete por Paulo Cezar Bezerra da Silva enquanto andava pela rua

Narley Resende

Depois da repercussão de um vídeo em que um músico é agredido no Centro de Curitiba, a Polícia Civil do Paraná passou a tratar o caso como injúria racial. Inicialmente, a ocorrência foi registrada como lesão corporal e, por isso, o autor do crime foi liberado após prestar depoimento na delegacia. 

Odivaldo Carlos da Silva, de 55 anos, foi agredido por um homem branco, enquanto andava pela Rua Doutor Faivre, na última terça-feira (22). Silva presta depoimento nesta segunda (28) à Polícia Civil, no 1° Distrito Policial de Curitiba, onde um grupo de manifestantes se concentra em apoio à vítima.

Neno, como é conhecido, foi abordado pelo criminoso com agressões físicas e verbais, segundo ele, de cunho racista. Em entrevista, ele afirmou que durante as agressões o suspeito o chamou de "macaco" e de "negro sujo". De acordo com o músico, o suspeito também disse: "Morador de rua tem que apanhar".

O homem, identificado pela PM (Polícia Militar) como Paulo Cezar Bezerra da Silva, deu vários golpes com um cassetete no músico e incentivou um cachorro que o acompanhava a morder a vítima. 

O músico afirmou que sofreu ferimentos no rosto, levou cinco pontos, fraturou o maxilar, quebrou um dente, está com marcas de mordidas de cachorro nos braços e nas costas, e terá que fazer uma cirurgia.

Três mulheres testemunharam as agressões e chamaram a PM que prendeu o homem momentos depois. Com o agressor, foram encontrados o cassetete, utilizado para agredir o músico, e uma faca. O crime, naquele dia, foi registrado como lesão corporal.

A Polícia Civil do Paraná afirmou que o inquérito por injúria racial foi aberto diante de novos desdobramentos. 

O agressor, que foi liberado quando o caso era tratado apenas como lesão corporal, deve ter o depoimento agendado para os próximos dias.

Uma audiência no Juizado Especial do TJ-PR (Tribunal de Justiça do Paraná) está marcada apenas para 20 de março de 2023, seis meses após o crime.

Com a acusação de injúria racial incluída no inquérito da Polícia Civil, o agressor pode pegar de um a três anos de reclusão, mais três meses a um ano por lesão corporal. Ele já tem passagens pela polícia.

Nota da Polícia Civil

“O caso foi atendido pela Polícia Militar. A PCPR solicitou o encaminhamento do boletim de ocorrência com a complementação registrada no dia 24/11 relacionada à injúria racial. Diligências foram realizadas no final de semana e as partes foram intimadas para que se proceda com o inquérito policial. As investigações ficarão a cargo do 1° Distrito Policial”.

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