Em cerimônia na tarde desta segunda-feira (22) no Planalto, o presidente Jair Bolsonaro criticou mais uma vez as medidas restritivas, mas mudou o tom em relação aos últimos dias, ao falar que governadores "estão esticando a corda". A fala acontece depois de centenas de empresários e economistas renomados, entre eles ex-ministros da Fazenda, ex-presidentes do Banco Central e banqueiros, a divulgarem uma carta com o título: “O país exige respeito: a vida necessita de ciência e de um bom governo”, com críticas e sugestões de ações para combate à pandemia, que tem seu pior momento no Brasil.
“Se ficar em lockdown 30 dias e acabar com vírus eu topo, mas sabemos que não vai acabar. Eu devo mudar meu discurso? Eu devo me tornar mais maleável? Eu devo ceder? Fazer igual a grande maioria está fazendo? Se me convencerem do contrário, faço. Mas não me convenceram ainda. Devemos é lutar contra o vírus e não contra o presidente”, desabafou.
O documento cita quatro medidas indispensáveis de combate a pandemia: acelerar o ritmo de vacinação, incentivar o uso de máscaras e medidas de distanciamento, além de criar mecanismo de coordenação nacional do combate à pandemia. O documento diz ainda que a necessidade de adotar um lockdown nacional ou regional deveria ser avaliada.
A carta chega em um momento decisivo. Nesta quarta Bolsonaro se reúne com os presidentes da Câmara, do Senado e do Supremo para, mais uma vez, tentar unificar o discurso e as ações para enfrentar a pandemia, que vai ultrapassar nesta semana os 300 mil mortos.
“Acho essa reunião se destina exatamente a fazer um alinhamento das percepções e a gente se organizar melhor para deter esse avanço do vírus enquanto as vacinas não avançam”, avaliou o vice-presidente Hamilton Mourão.
A ideia é também convidar governadores. João Doria, que diverge da conduta do presidente da república na gestão da crise sanitária, elogiou a iniciativa, citada por Rodrigo Pacheco (DEM-MG) no "Canal Livre” da Band no último domingo.
“Assisti o Canal Livre com ele. Considero válida e importante essa iniciativa, não fomos ainda convidados e, se formos, participaremos. Mais do que nunca, o Brasil precisa estar unido”, disse o governador paulista.
Luiz Fux recebeu o convite em telefonema de Bolsonaro. Ele deve participar, mas sem se envolver em nenhuma decisão. O presidente do STF se preocupa em apoiar alguma medida que possa ser contestada no Supremo, onde há ações envolvendo os governos federal e estadual.