Um drone no jantar da Brigada Golani, no domingo, com quatro mortos e mais de 60 feridos, e alarmes de mísseis que levaram milhões de israelenses aos abrigos antiaéreos, nesta segunda-feira, podem ter acabado com o cessar-fogo informal em Beirute, que já durava mais de 72 horas.
O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, que havia concordado em suspender os bombardeios em Beirute, por pressão dos EUA e aliados europeus, voltou a incluí-lo na lista de alvos para estancar os bombardeios do Hezbollah, que agora não se limitam mais ao norte israelense.
Três mísseis vindos do Líbano cruzaram o espaço aéreo israelense e foram interceptados. Fragmentos deles caíram sobre Holon, ao sul de Tel Aviv. O aeroporto Ben Gurion fechou. Um voo que chegava de Berlim foi desviado para Chipre. E outro, que partiria para Lisboa, ficou parado na pista.
A aviação israelense atacou 200 alvos no Líbano, inclusive um local ao norte, a aldeia de Aitou, raramente bombardeado. A Cruz Vermelha contou 19 mortos. Em terra, houve combates violentos entre soldados e os milicianos do Hezbollah.
O chefe do Estado Maior do exército israelense, Herzi Halevi, visitou a base de treinamento da Brigada Golani, em Binyamina, onde um drone matou quatro soldados e feriu 68 na hora do jantar de domingo, às 7 h da noite local. “Estamos em guerra e um ataque a uma base de treinamento na retaguarda é sério com resultados dolorosos”, ele disse, elogiando a reação rápida para tratar e enviar os feridos para os hospitais. “Continuamos a lutar e treinar para as próximas [batalhas]”, concluiu.
O drone mortal foi do tipo Mirsad-1, que carrega 40 quilos de explosivos, alcança 370 quilômetros por hora, com autonomia de 120 quilômetros. É produzido pelo Irã e tem sido usado em missões suicidas ou de reconhecimento. Ele voou com dois outros iguais, um abatido pela marinha, outro por caças, que o perseguiram até que sumiu do radar, quando o consideraram neutralizado. O Hezbollah deve ter 2 mil drones em seu arsenal, alguns deles mais avançados, como o Mohajer-4 e Shahed.
Os Estados Unidos estão enviando a Israel um sistema especial de bateria de mísseis antibalísticos, chamado THAAD (Terminal High-Altitude Area Defense, com cem soldados que vão operá-lo até que israelenses os substituam. “Esta ação ressalta o compromisso ferrenho dos Estados Unidos com a defesa de Israel e com a defesa dos americanos em Israel, de quaisquer novos ataques com mísseis balísticos pelo Irã”, disse o Pentágono no domingo. A instalação dos THAAD antecipa o esperado ataque israelense ao Irã, em retaliação aos 181 mísseis balísticos disparados contra o território israelense, em 1º de outubro.