Moises Rabinovici

Rabinovici: após 40 mortes, Putin é recebido com tapete vermelho na Mongólia

Por Moises Rabinovici

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Sputnik/Pavel Bednyakov/Kremlin via REUTERS

Mais de 40 mortos e 180 feridos em ataque de mísseis russos à Ucrânia, enquanto o presidente Vladimir Putin é recebido com tapete vermelho na Mongólia, que o deveria prender cumprindo mandado de prisão expedido pelo Tribunal Penal Internacional (TPI), do qual é signatário.

O ataque destruiu o Instituto de Comunicações e o hospital de Poltava. Tão curto o alarme antiaéreo, muitas vítimas foram atingidas enquanto corriam para os abrigos. O número de mortos pode aumentar porque muitos corpos estão sob os escombros. O presidente Zelenski ordenou uma investigação e o luto de três dias foi decretado.

A Mongólia, dependente da Rússia para 95% de derivados de petróleo, não condenou a invasão russa à Ucrânia e não vai prender Putin. Além do tapete vermelho, o presidente Ukhnnaa Khurelsukh o recebeu com uma guarda de honra e cavalos vestidos à Genghis Khan, no século XIII. Os dois tiveram as primeiras conversas numa tenda tradicional no Palácio de Ulaanbaatar.

“As relações entre a Federação Russa e a Mongólia estão a crescendo em todas as direções”, declarou Putin. A Ucrânia protestou: “O fracasso do governo mongol em cumprir o mandado de prisão vinculativo do TPI para Putin é um duro golpe para o Tribunal Penal Internacional e para o sistema de justiça criminal internacional”, escreveu Georgiy Tykhyi, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Ucrânia, no X (a plataforma proibida no Brasil). “A Mongólia permitiu a um acusado criminoso de fugir à justiça, partilhando assim a responsabilidade pelos crimes de guerra. Trabalharemos com parceiros para garantir que isto tenha consequências para Ulaanbaatar.”

O mandado de prisão para Putin foi expedido em 2023, sob a acusação de crimes de guerra com o sequestro e deportação de crianças ucranianas. A Rússia e os EUA não reconhecem a jurisdição do tribunal, com sede em Haia, nos Países Baixos. Mas a Mongólia é um dos signatários do Estatuto de Roma, que rege a adesão ao TPI.  

Putin já viajou à China, Coreia do Norte, Vietnã, Emirados Árabes Unidos e a Arábia Saudita, mas não foi à África do Sul, para a reunião dos BRICS, porque lá poderia ser preso, embora uma exceção tenha sido apresentada ao TPI, que a negou.

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