No começo do mês, uma delegação brasileira foi a Israel para criar uma colaboração entre os países no combate ao coronavírus. Entre os temas, estava o início de testes de um spray nasal que ajudaria a recuperar pacientes com a Covid-19.
No dia 15 de fevereiro, o presidente Jair Bolsonaro compartilhou uma postagem do primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, e dizia que em breve seria enviado à Anvisa um pedido para o uso emergencial do spray.
Em resposta a uma solicitação pela Lei de Acesso à Informação, a agência diz que ainda não recebeu qualquer pedido de uso ou de pesquisa clínica para o medicamento. “Com base nas informações fornecidas pela Coordenação de Pesquisa Clínica em Medicamentos e Produtos Biológicos (Copec), área técnica afeta ao assunto questionado, informamos que até o momento não houve nenhuma solicitação de anuência de pesquisa clínica nesta Anvisa referente ao produto mencionado, razão pela qual não dispomos de nenhuma informação a respeito”, diz o documento. As informações são da Fiquem Sabendo, agência de dados especializada no acesso à informação.
Bolsonaro mencionou o spray pela primeira vez em sua live de 11 de fevereiro. “Amanhã vou fazer uma videoconferência com o senhor Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro de Israel, Qual o assunto? Lá está sendo desenvolvido, em fase final, um remédio para curar o Covid. Quando eu falei em remédio lá atrás, eu levei pancada. Entrou na pilha da vacina, o cara que entra na pilha da vacina, só a vacina, é um idiota útil”, afirmou à época.
A comitiva liderada pelo chanceler Ernesto Araújo contava também com o secretário especial de Comunicação Social, Fábio Wajngarten, que desde então foi exonerado do cargo; o assessor especial da Presidência Filipe Martins; os deputados federais Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) e Hélio Lopes (PSL-RJ); o embaixador Kenneth Félix Haczynski da Nóbrega; o secretário de Ciência e Tecnologia do Ministério da Saúde, Hélio Angotti Neto; e o secretário de Políticas de Pesquisa e Desenvolvimento do Ministério da Ciência e Tecnologia, Marcelo Marcos Morales.
Araújo disse ao final da missão que a comitiva tinha conseguido um "pacote tecnológico sem precedentes na área médica e farmacêutica", mas não deu detalhes.