São Paulo, 469 anos: quais as origens dos nomes das ruas mais famosas da cidade?

Capital paulista que completa 469 anos nesta quarta-feira (25) traz histórias pelos caminhos da metrópole

Por Luiza Lemos

Conheça as origens das ruas de São Paulo
Reprodução/Prefeitura de São Paulo

São Paulo, principal metrópole do Brasil, comemora 469 anos nesta quarta-feira (25). Dentre as milhares de ruas da capital paulista, algumas se destacam pela fama e pela rica história, que influencia quem passa pelas vias até hoje. 

Mas apesar de tão importantes para os que trafegam por ela, muitos não sabem o significado dos nomes de avenidas e ruas que marcam parte dos 469 anos de São Paulo. Da Anhaia Melo até a Faria Lima, você leitor irá descobrir quais as origens dos nomes das principais ruas da capital paulista. 

Avenida Anhaia Melo 

Com dez quilômetros de extensão, a avenida que liga os distritos de São Lucas, Vila Prudente e Sapopemba é uma homenagem para o professor Luís Inácio de Anhaia Melo, que morreu um ano antes da inauguração da via. 

Luís Inácio de Anhaia Melo foi um dos fundadores da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP, onde dedicou-se ao estudo de Urbanismo e teoria da Arquitetura. O professor também foi diretor da Escola Politécnica da USP, da Faculdade de Filosofia da USP, presidente da Comissão da Cidade Universitária, diretor da FAU, vice-reitor da USP e foi fundador e diretor do Centro de Pesquisas e Estudos Urbanísticos

O arquiteto também foi prefeito de São Paulo entre 1930 até 1931, na época da ditadura de Getúlio Vargas. Na política, ele tentou conter a especulação imobiliária e enfrentou protestos de alunos da USP que não concordavam com a indicação de Vargas para a prefeitura. 

Após sair da prefeitura, ele só retornou para a política em 1941, como titular da Secretaria de Viação e Obras Públicas do Estado de São Paulo. Apesar de implantar um plano rodoviário para a cidade, ele renunciou após um protesto contra a repressão pelo Estado Novo de Vargas contra estudantes. 

Rua Augusta

Uma das mais famosas de São Paulo, já retratada em diversas séries, filmes e até livros, a rua Augusta tem grande movimento na vida noturna.  O nome tem diversas origens, mas não há conclusão de onde a nomenclatura surgiu. Muitos dizem que o nome é em homenagem a uma pianista, outros falam que era uma mulher da família Sousa e Castro. 

Há historiadores que acreditam que a via chegou a se chamar ‘Maria Augusta’. Apesar disso, o Dicionário de Ruas pontua que a rua tem este nome porque o português Mariano Antonio Vieira, que abriu a rua, aplicou o significado da palavra, que é ‘digno de respeito e veneração’ e ‘sagrado, divino’. 

A rua, via que conecta o Jardins até o Centro Histórico de São Paulo nasceu por volta de 1875, quando a rua ligava a entrada da Chácara do Capão, atual rua D. Antônia de Queiroz, com a antiga Estrada Real Grandeza, hoje a Avenida Paulista. 

Rua Avanhandava

A rua, que é uma das travessas da Rua Augusta, que dá acesso para a Avenida 9 de Julho, tem um nome curioso. Apesar de parecer uma vila italiana e ter diversos restaurantes pela rua, a nomenclatura tem origem indígena. 

O nome vem do tupi, ‘awe-anhã-aba’, que significa ‘lugar de forte correnteza’, ou ‘lugar da corrida dos homens’. Ele faz referência à colônia militar Salto do Avanhandava, construída ainda na época do Império em 1858, próximo de Araraquara. Hoje, a rua foi revitalizada e tem diversos empreendimentos turísticos, de lazer e restaurantes. 

Avenida Angélica

Via localizada entre os bairros de Santa Cecília e Higienópolis, a avenida com extensão de quase três quilômetros e marco histórico de São Paulo, é nomeada assim como uma homenagem à Maria Angélica de Sousa Queirós.

Maria Angélica, filha do Barão de Sousa Queirós, antigo proprietário da cidade de São Paulo, tornou- se baronesa pelo trabalho de caridade com a Associação de Caridade Damas de São Vicente de Paulo. Ela é considerada uma das três senhoras fundadoras do bairro de Higienópolis, ao lado de Dona Veridiana Valéria da Silva Prado, que nomeia uma das ruas do bairro, e Dona Maria Antônia da Silva Ramos, que nomeia a Rua Maria Antônia. 

O local foi ocupado no início por chácaras e posteriormente, por palacetes da elite, que hoje dão lugar a edifícios residenciais de luxo. A avenida não é a única que tem relação com Maria Angélica. A Alameda Barros, no bairro de Higienópolis, recebeu este nome em homenagem à família do marido de Maria Angélica, Francisco de Aguiar de Barros. 

Rua Oscar Freire

A via, localizada entre Cerqueira César (Jardins) e Pinheiros e um dos principais endereços de compras na cidade, é nomeada em homenagem a uma figura bem distante das compras e do luxo da rua. 

O nome tem origem em uma homenagem ao médico legista baiano Oscar Freire de Carvalho, um dos fundadores do instituto médico legal mais antigo da Bahia, também fundador do IML de São Paulo e professor catedrático da antiga Faculdade de Medicina da USP. 

Avenida Brigadeiro Faria Lima

A antiga área de várzea do rio Pinheiros que hoje é uma das mais importantes de São Paulo e reúne o centro comercial e financeiro não é tão antiga na história da cidade. A avenida teve as obras iniciadas ainda nos anos 1960, quando o prefeito da época, José Vicente Faria Lima, resolveu alargar a rua Iguatemi. 

A via foi uma homenagem ao prefeito, que chegou ao cargo de brigadeiro da Força Aérea Brasileira em 1958. Na gestão, José Vicente desenvolveu o metrô, as marginais Tietê e Pinheiros e as avenidas Sumaré, Radial Leste e 23 de Maio. Com a morte de José Vicente, o nome foi alterado de Radial Oeste para Brigadeiro Faria Lima, durante a inauguração feita pelo então prefeito Paulo Maluf. 

Avenida Ipiranga e Avenida São João

As famosas avenidas cantadas por Caetano Veloso na música “Sampa”, próximas ao Theatro Municipal e na região da Santa Ifigênia, têm nomes diferentes entre si, mas marcantes para a história de São Paulo. 

A Avenida Ipiranga existe desde o século XVIII e era passagem de tropeiros e gados. A via foi inaugurada em 1865, com nome escolhido para homenagear a Independência do Brasil, proclamada no riacho do Ipiranga em 1822. 

Já a Avenida São João faz homenagem a um santo da Igreja Católica. O nome provém de São João Batista, considerado protetor das águas na tradição da religião, também em 1865. Mas a avenida é muito mais antiga: desde 1651 ela existe, mas com o nome de Yacuba e, depois, a abreviação Acú. O nome Yacuba, em Tupi, significa ‘água envenenada’, devido aos cursos d’água que cruzavam a antiga ladeira do local e eram considerados perigosos para os paulistanos da época. 

Rua 25 de Março 

A rua mais famosa do comércio paulistano tem origem ligada à colonização e urbanização da capital de São Paulo. Com forte presença de imigrantes sírios, libaneses e chineses, o nome da rua faz uma homenagem à primeira Constituição Brasileira, assinada em 25 de março de 1824. 

A via já teve outros nomes, como Várzea do Glicério, Sete Voltas, de Baixo, Baixa de São Bento e só no fim do século XIX, 25 de março. A rua nasceu próxima ao rio Tamanduateí, no Beco das Sete Voltas. Quando o rio foi retificado, a rua mudou para Rua de Baixo, mas pouco tempo depois, passou a se chamar Baixa de São Bento pela localização abaixo do Mosteiro homônimo. 

Avenida 23 de Maio

Seguindo com as ruas nomeadas como datas, a 23 de Maio, uma das mais movimentadas da cidade e principal corredor de ligação da Vila Mariana até o Centro tem este nome como uma memória de guerra. 

A origem da nomeação faz referência ao dia em que os estudantes Martins, Miragaia, Dráusio e Camargo foram mortos em 1932, evento que dá início à Revolução Constitucionalista de 1932, que é celebrada em 9 de julho, data que também se tornou nome da avenida que cruza o Itaim Bibi até Bela Vista. 

Antes, a Avenida 23 de Maio se chamava Avenida Itororó, em homenagem ao ribeirão com mesmo nome que deságua no Ribeirão Anhangabaú. Depois, a avenida se chamou Anhangabaú, também em homenagem ao outro ribeirão. 

Viaduto Ricardo Boechat

O Viaduto Paraíso, que liga as ruas Maestro Cardim, Abílio Soares e a Rua Vergueiro, sobre a 23 de maio, mudou de nome em 2021. Antes, o nome fazia referência ao bairro Paraíso. 

Atualmente, ela faz uma homenagem ao jornalista Ricardo Boechat, que morreu em 2019 em um acidente de helicóptero na rodovia Anhanguera. Com a homenagem, o jornalista, mesmo que nascido em Buenos Aires, capital da Argentina, é relembrado todos os dias pelos milhares de carros que passam pelo viaduto na Zona Sul. 

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