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'Resistência preta e indígena': Anielle Franco e Sônia Guajajara tomam posse

Cerimônia de transmissão de cargo do ministério da Igualdade Racial e dos Povos Indígenas reforçou luta do povo negro e indígena por direitos na sociedade brasileira

Da redação

'Resistência preta e indígena': Anielle Franco e Sônia Guajajara tomam posse Reprodução/YouTube
Reprodução/YouTube

Anielle Franco e Sônia Guajajara tomaram posse dos cargos de ministras da Igualdade Racial e dos Povos Indígenas nesta quarta-feira (11). A cerimônia, que estava prevista para segunda (9), foi adiada após os ataques à Praça dos Três Poderes no domingo (8). 

Sônia Guajajara falou dos mais de 520 anos de repressão contra os indígenas e celebrou a conquista do novo ministério. Ela chegou a cantar um cântico indígena utilizado em protestos. “Estamos de pé para mostrar que não iremos nos render. A nossa posse, minha e de Anielle Franco, é o mais legítimo símbolo dessa resistência secular, preta e indígena do nosso Brasil", disse. 

Ela citou que o ato de destruição da Praça dos Três Poderes no domingo (8) não vai destruir a democracia. “Aqui, Sônia Guajajara e Anielle Franco convocam todas as mulheres do Brasil para dizerem juntas que não vamos permitir um outro golpe no nosso país”, afirmou e gritou ‘sem anistia'. 

“Assumo com muita honra e coragem este ousado e inovador desafio. Uma missão anunciada há anos pela minha tia Maria”, afirmou durante o discurso. Guajajara citou que a pandemia e a má gestão na saúde pública “potencializaram o genocídio do povo indígena”. 

Na cerimônia, a irmã da vereadora Marielle Franco, morta em 2018, discursou sobre a importância da mulher negra para a sociedade brasileira e relembrou a vida da irmã. “Desde o dia 14 de março de 2018, dia em que tiraram Marielle da minha família e da sociedade brasileira, tenho dedicado cada minuto da minha vida para multiplicar as sementes da minha irmã”, afirmou e relembrou do Instituto Marielle Franco, criado para fomentar os direitos das minorias negras, LGBTQIA+ e das mulheres. 

Anielle relembrou a posse de Lula, em que o povo deu a faixa presidencial para o político. “Mostramos que o caminho para o Brasil do futuro será liderado por aqueles e aquelas que resistem à política de morte do país”, citou. 

No discurso, ela fez referência ao ataque aos Três Poderes. "O mesmo projeto que permite as vidraças deste palácio destruídas, é o projeto que mata todos os dias o catador Dierson Gomes da Silva na Cidade de Deus no Rio de Janeiro", afirmou, relembrando o homem morto pela PM do Rio por estar com um pedaço de madeira na mão. 

Anielle afirmou que é preciso reavaliar a política em periferias e favelas pelo Brasil. “Precisamos, enquanto sociedade, ter uma conversa franca e honesta, encarar que essa política de guerra em periferias nunca funcionou, apenas segue dilacerando famílias e alimentando um ciclo de violência sem fim”, comentou e citou que “enquanto houver racismo, não haverá democracia”. 

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