Amigo detalha proximidade de empresário desaparecido no Rio com a milícia

No depoimento à Polícia Civil, ele relatou que Alberto César pagava agentes penitenciários para transferência de presos

Francini Augusto, da BandNews FM Rio, com Band Rio

Alberto César Romano foi cortar o cabelo na última sexta-feira (24) e não voltou mais para casa
Reprodução

O depoimento de um amigo de longa data do empresário desaparecido após ser assassinado pela milícia, segundo a Polícia Civil, traz detalhes da proximidade de Alberto César Romano Júnior com o grupo paramilitar. Entre as negociações executadas, estava a transferência de um miliciano para um presídio de situação pior, como uma forma de punição.

De acordo com ele, o empresário se encontrava semanalmente com líderes da milícia que atua na zona oeste do Rio. Era o depoente que levava Romano para as reuniões com os paramilitares. Há 11 meses, o empresário se mudou para o Recreio dos Bandeirantes, na Zona Oeste do Rio. Mas, o trabalho que pode ter sido feito para milícia começou bem antes, em 2018, quando Romano solicitou a ajuda desse mesmo amigo para fazer obras em um terreno no bairro de Paciência.

“Essa relação estreita com a milícia tornava a vida de Romano um perigo constante. A própria namorada dele informou que, há quatro anos, ele rompeu o relacionamento com ela, tendo receio de que algo ruim acontecesse a ele. Ele não queria colocar a namorada em risco”, explicou a delegada do caso, Ellen Souto.

Segundo o amigo da vítima, Alberto César pagava semanalmente uma quantia a agentes penitenciários. A testemunha chegou a acompanhar o empresário na entrega destes valores. A quantia seria de R$ 2 mil.

Certa vez, a testemunha chegou a ouvir durante uma ligação que o empresário pagaria pela transferência do miliciano o valor de uma única vez. O montante da transação não foi revelado. 

A delegacia responsável solicitou a quebra do sigilo telemático do desaparecido.

O depoimento de três páginas traz ainda informações sobre o temor de Alberto César Romano Júnior em ser assassinado. Depois da morte de Ecko, ele teria comprado um carro blindado, já que também conheceria Tandera.

Embora ele fosse empresário e estivesse abrindo uma distribuidora de bebidas em Minas Gerais, ele também realizava diversas transações imobiliárias para o grupo paramilitar.

Nos próximos dias a Polícia Civil pretende fazer uma operação em possíveis locais onde estariam os restos mortais do empresário. 

Sobre o relato da testemunha, a Secretaria de Administração Penitenciária disse que vai apurar o caso.

Alberto foi visto a última vez em uma barbearia na Barra da Tijuca. Segundo a Polícia, ao sair do local, ele foi direto ao encontro de um homem que o levou para o bairro de Paciência. A Polícia conseguiu rastrear, pelo GPS, que o carro de Romano passou por Santa Cruz, Cosmos e Paciência no dia do desaparecimento - o veículo foi encontrado próximos desses bairros, na também na zona oeste.

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