Aliados de Bolsonaro criticam operação: ‘Sistema que pode se tornar ditadura'

Ex-presidente e ex-assessores foram alvos da operação Tempus Veritatis, deflagrada nesta quinta-feira (8) pela Polícia Federal

Da Redação

Aliados de Bolsonaro criticam operação: ‘Sistema que pode se tornar ditadura'
O ex-presidente Jair Bolsonaro
Reuters

Políticos aliados de Jair Bolsonaro (PL) comentaram a operação da Polícia Federal que investiga uma organização criminosa, que atuou na tentativa de golpe de Estado e Abolição do Estado Democrático de Direito. Um dos alvos da ação foi o ex-presidente da República. 

Em entrevista à Rádio Bandeirantes, o senador Marcos Pontes (PL) declarou que “somos vítimas de um sistema que pode se tornar uma ditadura". Veja na íntegra abaixo: 

Na visão do ex-vice-presidente e atual senador Hamilton Mourão (Republicanos), as investigações da Polícia Federal “buscam pelo em ovo”. "O País vive uma situação de não normalidade. Inquéritos eternos buscam ‘pelo em ovo’, atacando, sob a justificativa de uma pretensa tentativa de golpe de estado, a honra e a integridade de Chefes Militares que dedicaram toda uma vida ao Brasil", escreveu no X, antigo Twitter. 

Para a senadora Damares Alves (Republicanos), “não há outro sentimento que não seja indignação” em relação à operação da Polícia Federal. “Não podemos dizer que estamos surpresos. Sabemos como funciona o mecanismo. Muitos não acreditavam quando a gente falava e agora estão vendo tudo acontecer. Que Deus tenha misericórdia do nosso país”, disse. 

“Vejam o motivo da perseguição. Enquanto um é ovacionado pelo povo, o outro tem a recepção que merece. Bolsonaro consegue reunir apoio espontaneamente, enquanto o outro, segundo denúncias, teve que coagir servidores para que comparecessem. Esse é o retrato do nosso país hoje”, acrescentou a senadora. 

Para o senador Carlos Portinho (PL), o regime instalado no país, a partir de um inquérito sem precedentes no Estado de Direito, “avança ainda mais sobre lideranças da oposição, avança sobre um partido político e sobre, inclusive, membros das forças armadas e a própria”.

“Acua, persegue, silencia e aplaca a oposição no Brasil querendo exterminar politicamente os seus opositores com a mão de ferro do judiciário e a Polícia do Estado. Agoniza a democracia brasileira! Não há quem pare o Regime e toda sorte de violações à liberdade, aos direitos e garantias constitucionais sobre pessoas e partidos”, completou. 

Jair Bolsonaro 

Jair Bolsonaro é alvo da operação da Polícia Federal e deu 24 horas para que o ex-presidente da República entregue o passaporte. Segundo a colunista da Rádio BandNews FM, Mônica Bergamo, a PF foi a Angra dos Reis para buscar documento e celular de assessores dele.

O advogado e ex-chefe da Secretaria de Comunicação Social do governo Bolsonaro, Fabio Wajngarten, declarou que o ex-presidente entregará o passaporte às autoridades competentes

“Em cumprimento às decisões de hoje, o presidente Bolsonaro entregará o passaporte às autoridades competentes. Já determinou que seu auxiliar direto, que foi alvo da mesma decisão, que se encontrava em Mambucaba, retorne para sua casa em Brasília, atendendo a ordem de não manter contato com os demais investigados”, escreveu o advogado do ex-presidente. 

Polícia Federal 

Ao todo, estão sendo cumpridos 33 mandados de busca e apreensão, quatro mandados de prisão preventiva e 48 medidas cautelares diversas da prisão, que incluem a proibição de manter contato com os demais investigados, proibição de se ausentarem do país, com entrega dos passaportes no prazo de 24 horas, e suspensão do exercício de funções públicas. 

Policiais federais cumprem as medidas judiciais, expedidas pelo Supremo Tribunal Federal (STF), nos estados do Amazonas, Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Ceará, Espírito Santo, Paraná, Goiás e no Distrito Federal.

O que aponta a investigação

Nesta fase, as apurações apontam que o grupo investigado se dividiu em núcleos de atuação para disseminar a ocorrência de fraude nas Eleições Presidenciais de 2022, antes mesmo da realização do pleito, de modo a viabilizar e legitimar uma intervenção militar, em dinâmica de milícia digital.

O primeiro eixo consistiu na construção e propagação da versão de fraude nas Eleições de 2022, por meio da disseminação falaciosa de vulnerabilidades do sistema eletrônico de votação, discurso reiterado pelos investigados desde 2019 e que persistiu mesmo após os resultados do segundo turno do pleito em 2022.

O segundo eixo de atuação consistiu na prática de atos para subsidiar a abolição do Estado Democrático de Direito, por meio de um golpe de Estado, com apoio de militares com conhecimentos e táticas de forças especiais no ambiente politicamente sensível.

“O Exército Brasileiro acompanha o cumprimento de alguns mandados, em apoio à Polícia Federal”, informou a PF. Os fatos investigados configuram, em tese, os crimes de organização criminosa, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e golpe de Estado.

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