O ex-governador do Rio de Janeiro Wilson Witzel sugeriu em depoimento à CPI da Pandemia que os hospitais federais do estado podem ter interferência de milicianos.
Witzel afirmou aos senadores que uma quebra de sigilo fiscal de Organizações Sociais que coordenam as unidades e empresas que prestam serviço pode apontar desvios. "Ali tem dono", disse ele.
As afirmações foram feitas depois que o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) lembrou denúncia do ex-ministro Gustavo Bebianno, que morreu o ano passado, sobre controle de milícias em hospitais.
Ali tem dono
O ex-governador também disse que carreatas promovidas por parlamentares contra as medidas de isolamento social também podem ter tido apoio de grupos criminosos. Ele citou os deputados estaduais Filipe Poubel (PSL), Anderson Moraes (PSL), Alana Passos (PSL) e do deputado federal Otoni de Paula (PSC-RJ) como organizadores e disse que Poubel invadiu um hospital do Rio.
Witzel ainda acusou Bolsonaro de atacar governadores para atrapalhar as medidas restritivas. Segundo ele, as pressões não eram meramente retóricas. "O regime de recuperação fiscal só foi assinado após o meu impeachment", disse ele sobre a medida que visa equilibrar as contas do Rio de Janeiro.
O regime de recuperação fiscal só foi assinado após o meu impeachment
O ex-governador falou sobre uma interferência gravíssima do governo federal, mas explicou que só detalharia o ocorrido em reunião sigilosa.
O vice-presidente da CPI, Randolfe Rodrigues, disse em sua conta de Twitter que pediria a realização dessa reunião sigilosa.
"Acabo de solicitar à Presidência da CPI da COVID, novo depoimento do ex-governador Wilson Witzel. Acreditamos que o ex-governador ainda tem muito a falar e não podemos deixar o relatório da CPI ser atingido por interferência e intimidações externas", escreveu ele.
Durante a sessão, Flávio Bolsonaro discutiu com Witzel e o relator Renan Calheiros falou que a intervenção do filho do presidente seria uma tentativa de intimidação.