Alemanha fecha consulados do Irã após execução de cidadão alemão

Decisão de fechar os três consulados iranianos em Frankfurt, Munique e Hamburgo foi anunciada pela ministra alemã do Exterior, Annalena Baerbock

Por Deutsche Welle

Bandeira da Alemanha
Reprodução/Pixabay

A Alemanha ordenou nesta quinta-feira (31) o fechamento dos três consulados iranianos em território alemão em reação à execução do cidadão alemão-iraniano Jamshid Sharmahd pelo regime fundamentalista de Teerã nesta semana.

A decisão de fechar os consulados iranianos em Frankfurt, Munique e Hamburgo foi anunciada pela ministra alemã do Exterior, Annalena Baerbock. O governo alemão, porém, permitiu que a embaixada do Irã em Berlim permanecesse aberta.

"Nossas relações diplomáticas já estão em um patamar mais do que baixo", afirmou Baerbock. Ela criticou o Irã por utilizar reféns para fazer política, e acusou o regime fundamentalista de tentar usar o apoio da Alemanha a Israel no conflito do Oriente Médio para justificar a execução. "Outros alemães também estão sendo mantidos presos injustamente. Estamos profundamente comprometidos com eles e continuamos a trabalhar incansavelmente por sua libertação", afirmou.

Berlim já havia convocado o representante diplomático iraniano no país para dar explicações sobre a execução de Sharmahd. A ministra pediu que União Europeia (UE) acrescente a Guarda Revolucionária do Irã à sua lista de grupos terroristas.

O embaixador alemão no Irã, Markus Potzel, enviou um protesto formal ao ministro iraniano do Exterior, Abbas Araghchi, antes de ser chamado a Berlim para consultas. O chanceler federal alemão, Olaf Scholz, classificou de "escândalo" a execução de Sharmahd e havia afirmado que a resposta de Berlim viria "nos termos mais fortes".

Sequestrado por agentes iranianos

O dissidente alemão-iraniano de 69 anos vivia nos Estados Unidos e foi sequestrado por agentes de segurança iranianos quando estava em Dubai, em 2020. Ele foi condenado à morte pelo regime por acusações de terrorismo, após um julgamento considerado como uma farsa pelos EUA, Alemanha e entidades de direitos humanos.

O engenheiro de software foi condenado à morte pelo Judiciário do regime fundamentalista do país em fevereiro de 2023 pela acusação de que teria envolvimento em um ataque a uma mesquita na cidade de Shiraz que matou 14 pessoas, em 2008.

A condenação formal de Sharmahd foi pelo crime iraniano de espalhar "corrupção na Terra", uma tipificação vaga e genérica que o regime islâmico usa para uma série de supostos crimes, geralmente relacionados a valores religiosos.

O anúncio da detenção de Sharmahd aconteceu na esteira do aumento das tensões entre Irã e os Estados Unidos com o colapso do acordo nuclear de Teerã com as potências mundiais, firmado em 2015.

Acusação de terrorismo

Teerã acusou Sharmahd de ser o "líder do grupo terrorista Tondar, que dirigiu atos armados e terroristas no Irã a partir dos Estados Unidos". O pouco conhecido grupo Tondar, o braço armado da "Assembleia do Reino do Irã", tem sede na Califórnia e diz que busca restaurar a monarquia iraniana que foi derrubada pela revolução islâmica de 1979.

As autoridades iranianas disseram que ele havia "planejado 23 ataques terroristas", dos quais "cinco foram bem-sucedidos", incluindo o atentado a bomba de 2008 contra uma mesquita em Shiraz, que matou 14 pessoas e feriu mais de 200.

A família de Sharmahd diz que serviu apenas como porta-voz do grupo e não teve relação alguma com nenhum ataque no Irã. Teerã também o acusou de estar em contato com "oficiais do FBI e da CIA" e de ter "tentado entrar em contato com agentes do Mossad israelense".

A Anistia Internacional afirmou que Sharmahd foi forçado a confessar sua participação e que ele havia dito à sua família que havia sido torturado na detenção.

A Alemanha, a UE e outros países insistiram para que a sentença de morte fosse revogada.

A filha de Sharmahd, Gazelle Sharmahd, liderou a luta para que ele fosse poupado da execução.

"Não acho que palavras possam mudar um regime terrorista", disse Gazelle à DW logo após a condenação de seu pai, em 2023. "Este é um regime que sequestra pessoas como meu pai de fora do Irã e as leva para lá. Esse regime terrorista não responderá a nenhum tipo de conversa ou diplomacia. Já vimos isso, infelizmente."

rc (AFP, AP, Reuters, DPA)

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