Alemanha deve se preparar para guerra até 2029, diz ministro

Chefe da pasta de Defesa afirma que país deve estar pronto para pior cenário diante de ameaça de conflito militar na Europa e volta a defender plano de reintroduzir, ao menos parcialmente, o serviço militar obrigatório.

Por Deutsche Welle

O ministro da Defesa da Alemanha, Boris Pistorius, disse nesta quarta-feira (06/05) – durante uma sessão no Bundestag, a câmara baixa do Parlamento alemão – que é necessário fortalecer as capacidades operacionais das Forças Armadas do país, para que estejam preparadas para uma possível guerra até 2029, para a qual é essencial garantir finanças, material e pessoal.

"Precisamos estar prontos para a guerra até 2029", disse Pistorius. "Devemos agir como um elemento dissuasório, para evitar que o pior aconteça", enfatizou. "No caso de uma emergência, precisamos de homens e mulheres jovens que possam defender este país", disse ele. Por esse motivo, ele afirma ser necessário reformular o serviço militar, que é voluntário.

A Alemanha suspendeu o serviço militar obrigatório em 2011. Cerca de metade dos cidadãos alemães é a favor de sua reintrodução, de acordo com uma pesquisa realizada em março pelo instituto de pesquisa Forsa.

Pistorius defendeu a criação de "uma nova forma de serviço militar", que "não pode ser totalmente livre de obrigações", ou seja, não pode ser totalmente voluntário.

Anteriormente, o ministro da Defesa havia indicado seu interesse em reintroduzir o serviço militar obrigatório, pelo menos parcialmente, para garantir um contingente militar de acordo com as necessidades atuais de defesa.

"Não e não"

Pistorius apresentará ao Parlamento seu plano para a reformulação do serviço militar na próxima semana. Apesar de uma campanha pelas mídias incentivando o alistamento, em 2023 o número de integrantes das Forças Armadas caiu novamente.

No final de fevereiro, a Alemanha tinha 181,8 mil soldados à disposição. O número, que já chegou próximo dos 500 mil nos anos 1970 e 1980, vem caindo desde o início dos anos 1990, tendência agravada pelo fim do serviço militar compulsório em 2011. Segundo o ministro, até 2031 esse contingente deve chegar a pelo menos 203 mil.

Para isso, o ministro está tentando experimentar novas formas de atrair pessoal, especialmente à luz da guerra de agressão russa na Ucrânia.

O ministro da Defesa também reiterou que a Alemanha não enviará soldados para a Ucrânia, em resposta a uma pergunta do deputado do partido de ultradireita Alternativa para a Alemanha (AfD), Rüdiger Lucassen, sobre as considerações do governo francês a respeito do envio de instrutores franceses para a Ucrânia. Até mesmo o presidente francês, Emmanuel Macron, disse que não descarta o envio de tropas. "As respostas às suas perguntas são: não e não", enfatizou Pistorius.

Scholz pede cooperação europeia na produção de armas

Também em discurso na quarta-feira, o chanceler federal alemão, Olaf Scholz, prometeu que seu governo apoiará o setor de defesa e pediu uma cooperação mais estreita entre os produtores na Europa.

"Hoje, vemos mais claramente do que nunca como é importante ter um setor de defesa europeu e alemão que possa produzir continuamente todos os principais tipos de armas e a munição necessária" disse ele aos delegados na abertura da Exposição Aeroespacial Internacional em Berlim.

"O ataque da Rússia à Ucrânia, violando a lei internacional, apresentou a toda a Alemanha uma nova realidade de política de segurança", afirmou.

No evento, Scholz anunciou que a Alemanha compraria mais 20 jatos Eurofighter da Airbus para ajudar a reforçar suas defesas.

md (DPA, EFE)

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