Alauítas querem proteção de Israel

Alauítas querem proteção de Israel
Militares israelenses
Exército israelense

Os alauítas da aldeia de Ghajar, nas colinas do Golã ocupadas por Israel, pediram proteção para três milhões de alauítas sírios às forças de defesa israelenses. “Precisamos de alguém para nos salvar, apoiar, ajudar, para proteger nosso povo. Nossas cidades estão queimando” –disse um alauíta, não identificado, para o jornal Jerusalem Post desta terça-feira.

À margem do apelo alauíta, a aviação de Israel bombardeou quartéis do antigo regime sírio, 28 vezes, ontem à noite, destruindo radares noturnos e equipamentos de detecção nas aldeias de Jabab e Izra, na província de Daraa, no sul da Síria. A informação só foi confirmada pelo porta-voz militar israelense hoje pela manhã.

O bombardeio, diz Israel, foi uma mensagem ao presidente Ahmed al-Sharaa: toda a região síria capaz de ameaçar cidades israelenses deve ser desmilitarizada. O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu e o ministro da Defesa, Israel Katz, também comentaram, em tom de alerta, a perseguição à comunidade alauíta, que já matou 1.300 pessoas, a maioria civil.

Um alauíta na Síria declarou ao Jerusalem Post, sem ser identificado: “Eles (as forças sunitas do novo presidente, conhecidas pela sigla HTS) estão matando crianças e mulheres. Há uma limpeza étnica acontecendo aqui; eles não deixam nada para trás, matam todo mundo, e tudo está documentado em vídeo”.

Esse mesmo alauíta acrescentou: “Para eles, crianças são infiéis, mulheres são infiéis, todos são infiéis. Muitas mulheres foram levadas para Idlib (a cidade dominada pelo HTS, desde antes da deposição de Bashar al-Assad). Estamos numa situação terrível. Há muitos escondidos nas florestas e nas montanhas”. Cerca de 6 mil fugiram para o Líbano.

Os alauítas sempre tiveram proteção dos Assad, membros do grupo minoritário sírio, ou 15% da população. Acreditam em Deus, Alá e Maomé, que foi o último profeta. Para eles, suas almas seriam as guardiãs das “luzes que se rebelaram contra Deus”. Quando a cidade alauíta de Hama foi ocupada pela Irmandade Muçulmana, o então presidente, Hafez al-Assad, a destruiu com tanques e artilharia, em fevereiro de 1982. O massacre, com 10 mil a 25 mil mortos, foi obscurecido por outro massacre, nos campos palestinos de Sabra e Shatilla, que estava ocupado por Israel, perto de Beirute.

Hoje os alauítas se dissociam dos Assad.

“As pessoas o consideravam (Hafez, depois Bashar al-Assad) parte da religião alauíta, mas ele nunca mostrou nenhuma afiliação à nossa religião, e muitos de nós nunca fomos leais a ele e ao seu regime. O regime decidiu apertar a mão de forças estrangeiras por razões políticas. Em nossa opinião, foi um erro, e sabíamos que isso levaria a um desastre, e agora, aqui estamos”, disse um alauíta ao Jerusalem Post.

As Forças Democráticas Sírias (SDF), formadas por curdos, comemoraram o acordo fechado ontem com o novo governo sunita da Síria. A sua ala política o saudou como um “momento único”, acrescentando: “Buscamos estabelecer um estado democrático e pluralista que respeite os direitos de todos os seus componentes sírios”. Um problema é que alguns grupos curdos não foram avisados das negociações, secretas. O Comando Central dos EUA, com dois mil soldados no Leste e no sul da Síria, sabia e aprovou o acordo.

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