Augusto Heleno disse torcer para que a posição aparentemente mais conciliadora de Jair Bolsonaro seja mantida. Um dos ministros mais próximos do presidente, o general falou com exclusividade à Rádio Bandeirantes, no Jornal Gente, nesta quinta-feira (25).
Para o chefe do Gabinete de Segurança Institucional, é possível que o agravamento da pandemia tenha levado Bolsonaro a perceber a necessidade de mudar.
Depois da reunião entre os Poderes e no dia anterior, no pronunciamento à Nação, o presidente surgiu usando máscara e defendeu a vacinação.
“Eu sofro muito para que ele tenha flexionado tenha adotado essa posição conscientemente, isso não tenho dúvida, porque ele se preparou para chegar nessa posição. O ser humano é um ser inteligente então ele percebe quando a situação exige um flexionamento das suas posições e uma postura diferente porque a situação é diferente. Houve uma proliferação de casos e as UTIs estão superlotadas. Precisava que essa reunião acontecesse para que definisse o rumo das coisas daqui para frente”, disse.
No entanto, Augusto Heleno admite que a descrença na eficácia do lockdown continua sendo um ponto do qual o presidente não abre mão.
Não existe afastamento horizontal é uma pura ilusão, hipocrisia
“A grande briga é o lockdown, que realmente é meio incompreensível. É lógico que se prega um afastamento horizontal, ou afastamento vertical, talvez tenha sido feito desde o início, mas esse afastamento horizontal em determinadas condições é completamente inviável. Nas nossas comunidades o afastamento horizontal comprovadamente fica muito prejudicado porque em pequenas habitações habitam 12 ou 14 pessoas. Não existe afastamento horizontal é uma pura ilusão, hipocrisia”, disse.
Na entrevista à Rádio Bandeirantes, o general também foi questionado sobre a declaração que parece ter sido um recado do presidente da Câmara ao governo.
Arthur Lira disse que os "remédios políticos" no Congresso contra a "espiral de erros" no combate à pandemia são "conhecidos" e "amargos" e alguns, "fatais".
Na avaliação de Augusto Heleno, a afirmação do deputado expressa a preocupação com o risco de caos.
“Deputado Arthur Lira, o presidente da Câmara, ainda estava sob o efeito desta última semana que nós tivemos que foi notoriamente grave. Começamos a ter a impressão que ia ser uma falência generalizada das UTIs e dos hospitais. As pessoas nessas posições estão sob pressão o dia inteiro então isso vai acumulando e acaba provocando determinadas manifestações que botam para fora essas sensações. Acho que as vezes é um pouco exagerada a visão, mas é importante que a gente tenha na cabeça que isso possa acontecer”, disse.