África do Sul diz que 'apartheid' de Israel com palestinos é 'mais extremo'

Declaração foi feita pelo embaixador sul-africano na Holanda, Vusimuzi Madonsela, durante audiência na Corte Internacional de Justiça

Da Redação

África do Sul diz que 'apartheid' de Israel com palestinos é 'mais extremo'
Representantes da África do Sul durante audiência na Corte Internacional de Justiça
REUTERS/Piroschka van de Wouw

O embaixador da África do Sul na Holanda, Vusimuzi Madonsela, declarou nesta terça-feira (20) que Israel aplica nos territórios palestinos uma versão “mais extrema” de apartheid que o sofrido pelo país até 1994. 

A declaração do representante do governo sul-africano foi feita durante audiência na Corte Internacional de Justiça (CIJ), principal tribunal da Organização das Nações Unidas (ONU), em Haia.

“Nós, como sul-africanos, sentimos, vemos, ouvimos e sentimos profundamente as políticas e práticas discriminatórias desumanas do regime israelense como uma forma ainda mais extrema do apartheid que foi institucionalizado contra os negros no meu país”, declarou o embaixador Vusimuzi Madonsela. 

“É claro que a ocupação ilegal de Israel também está sendo administrada em violação do crime do apartheid. É indistinguível do colonialismo dos colonos. O apartheid de Israel deve acabar”, acrescentou. 

Cerca de 52 países, incluindo o Brasil, devem se pronunciar durante as audiências sobre o caso na Corte Internacional de Justiça. O julgamento foi solicitado para rever a "ocupação, colonização e anexação de Israel, incluindo medidas destinadas a alterar a composição demográfica, o caráter e o estatuto da Cidade Santa de Jerusalém, e da sua adoção de legislação e medidas discriminatórias relacionadas".

O controle de décadas de Israel sobre os palestinos deu à população a escolha entre “deslocamento, subjugação ou morte”, o que equivale a “limpeza étnica, apartheid ou genocídio”, alega Maliki.

Ele pede que o tribunal “declare que a ocupação isralenense é ilegal” e deve terminar de forma “imediata, total e incondicionalmente”.

Denúncia de genocídio em Gaza

No anúncio, a magistrada disse que a Corte entende que a Faixa de Gaza enfrenta uma situação humanitária catastrófica e que está profundamente preocupada com a perda contínua de vidas. O tribunal afirmou que as operações militares no território causaram e causam mortes, destruição da infraestrutura vital e deixaram a população vulnerável. 

A Corte Internacional de Justiça ordenou que Israel se apresente em um mês com um relatório de suas ações no enclave palestino. A juíza ainda destacou que os palestinos estão sem acesso a itens básicos, como água, alimentos, energia e medicamentos. O Tribunal também rejeitou a tentativa de Israel de arquivar o caso. 

A ação foi movida pela África do Sul em 29 de dezembro, alegando uma série de violações na Faixa de Gaza. O país pedia medidas imediatas para suspender as ações militares de Israel contra os palestinos no enclave. O processo foi baseado no suposto descumprimento da Convenção para a Prevenção e Punição do Crime de Genocídio. 

A convenção, criada em 1948 em resposta ao Holocausto na Segunda Guerra Mundial, caracteriza genocídio como atos cometidos com a intenção de destruir, no todo ou em parte, um grupo nacional, étnico, racial ou religioso. A denúncia da África do Sul recebeu o apoio do Brasil

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