A ONU (Organização das Nações Unidas) alertou que o Afeganistão está à beira de uma catástrofe humanitária. Os combates com o Talibã deixaram ao menos mil civis mortos em um mês e cerca de 390 mil moradores foram deslocados, enquanto isso.
Nesta sexta-feira (13), os talibãs conquistaram mais duas cidades-chave e agora já controlam 18 das 34 regionais do país.
A capital Cabul continua sob controle do governo afegão, mas o serviço de inteligência dos Estados Unidos prevê que a cidade também passará a ser dominada pelo Talibã em trinta dias.
Diante da ameaça, o governo de Joe Biden ordenou o retorno de três mil tropas para o Afeganistão para ajudar na remoção dos cidadãos americanos e funcionários da embaixada.
A Holanda disse que pode ter que fechar sua representação diplomática no país.
O ministro da defesa do Reino Unido fez um alerta para uma guerra civil iminente.
A retomada de controle do Talibã com o Afeganistão acontece 20 anos depois dos atentados terroristas de 11 de setembro.
Análise
Segundo o professor de relações internacionais da Universidade de Brasília, Juliano Cortinhas, essa retirada de tropas dos EUA é “uma situação lastimável”, já que o país não conseguiu atingir seus objetivos políticos e, segundo estimativas, gastou US$ 6 trilhões no Iraque e no Afeganistão.
Ele lembra que, desde 2001, analistas de várias ideologias avisavam que essa empreitada não seria possível, mas mesmo assim o governo de George W. Bush resolveu intervir, o que gerou crises internacionais e mortes.
“De lá pra cá, nós vimos que essas análises estavam corretas, não se constrói um regime sem que haja uma ampla negociação com a população local, sem que haja um respeito a história da região”, diz.