De 1999 a 2024: relembre os 25 anos do acordo Mercosul-UE marcados por impasses

Desde o fim dos anos 1990, o Mercosul e a União Europeia (UE) têm trabalhado na construção de um acordo de livre comércio que conecte suas economias de forma estratégica

De 1999 a 2024: relembre os 25 anos do acordo Mercosul-UE marcados por impasses
Acordo Mercosul-União Europeia
REUTERS/Martin Varela Umpierrez

Após 25 anos de idas e vindas, o Mercosul e a União Europeia (UE) anunciaram, nesta sexta-feira (6), a conclusão de um acordo comercial histórico. Este pacto, que conecta duas das maiores regiões econômicas do mundo, promete impulsionar o comércio, fortalecer relações diplomáticas e abrir novos caminhos para cooperação econômica e ambiental.

25 anos de negociações

As negociações começaram oficialmente em 1999, envolvendo o Mercosul — formado por Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai — e a União Europeia. Desde então, o processo enfrentou avanços e retrocessos devido a interesses divergentes, mudanças políticas e críticas sociais.

Nos anos 2000, o maior impasse foi a disputa sobre tarifas agrícolas e subsídios industriais. Enquanto o Mercosul buscava abrir o mercado europeu para seus produtos agrícolas, a UE queria reduzir barreiras para bens industriais e serviços.

Em 2016, as conversas foram retomadas em meio ao cenário de crescente protecionismo global, mas novos desafios, como questões ambientais e alterações políticas no Mercosul, dificultaram o consenso.

O acordo de 2019

Em junho de 2019, durante a cúpula do G20 no Japão, foi assinado um acordo preliminar, prometendo eliminar tarifas para 90% dos produtos entre os blocos em até 15 anos. Entretanto, o texto enfrentou forte resistência.

O aumento do desmatamento na Amazônia e políticas ambientais vistas como frágeis pelos países do Mercosul levaram França, Alemanha e Irlanda a questionarem o compromisso ambiental do bloco. O processo de ratificação estagnou, exigindo revisões no pacto original.

O que mudou de 2019 a 2024

Desde sua primeira versão, dois fatores principais moldaram a evolução do acordo até 2024:

  • Cláusulas ambientais mais firmes: A pressão internacional sobre a preservação ambiental levou à inclusão de compromissos rigorosos no texto final de 2024. Agora, o pacto exige conformidade com o Acordo de Paris e combate ao desmatamento, com monitoramento mais eficiente.
  • Contexto global e mudanças políticas: A pandemia de Covid-19 e a guerra na Ucrânia destacaram a importância de diversificar parcerias comerciais. Além disso, a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva no Brasil trouxe uma postura mais conciliadora, facilitando o diálogo com a UE.

Linha do tempo: os principais marcos do acordo

  • 1991: Fundação do Mercosul, unindo Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai.
  • 1999: Início oficial das negociações para um acordo com a União Europeia.
  • 2004: Apresentação do primeiro rascunho, que não avançou devido a divergências sobre tarifas.
  • 2016: Retomada das negociações com foco em ampliar parcerias comerciais.
  • 2019: Anúncio do acordo preliminar no G20, com metas de eliminar tarifas e facilitar o comércio.
  • 2020-2022: Críticas sobre questões ambientais levam a revisões e travam a ratificação.
  • 2024: Conclusão do acordo final, incluindo cláusulas ambientais mais rigorosas.

Pontos principais do acordo de 2024

O texto final inclui compromissos estratégicos, como:

  • Redução de tarifas: cerca de 90% dos produtos entre os blocos terão tarifas eliminadas ou reduzidas gradualmente.
  • Acesso agrícola: produtos como carne, açúcar e etanol terão cotas preferenciais no mercado europeu.
  • Sustentabilidade: cláusulas para proteger o meio ambiente, incluindo combate ao desmatamento e alinhamento ao Acordo de Paris.
  • Regras regulatórias: harmonização de padrões técnicos e maior proteção a patentes e indicações geográficas.

O que esperar a partir de agora

O acordo ainda precisa ser ratificado pelos parlamentos dos países envolvidos, um processo que pode enfrentar resistências. No entanto, ele já simboliza uma nova fase para as relações entre Mercosul e União Europeia, prometendo fortalecer o comércio, atrair investimentos e garantir maior integração econômica e ambiental entre as regiões.

Tópicos relacionados

Mais notícias

Carregar mais